Em meio a tensões crescentes nas relações transatlânticas, Giovanni Orsina, historiador e diretor do Departamento de Ciência Política da Universidade Luiss, analisa a posição delicada da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni. Em entrevista ao HuffPost, Orsina descreve Meloni como “a mais pró-americana entre os pró-ucranianos, ou a mais pró-ucraniana entre os pró-Trump”, ressaltando a complexidade do cenário político que a líder italiana enfrenta.
Segundo Orsina, Meloni se vê em uma posição sem muitas alternativas: “Trump é a desculpa que o establishment europeu e pró-europeu está usando para evitar pagar o preço de seu próprio orçamento falido.” Para o especialista, a UE navega hoje sob uma “carga de culpa”, refletida na dificuldade em tomar decisões claras frente à crise ucraniana e à pressão norte-americana.
O historiador destaca que o jogo político ainda está em aberto. Meloni enfrenta pressões tanto internas quanto externas: no governo, precisa conciliar suas políticas com a Liga, enquanto na oposição, o Movimento Cinco Estrelas pressiona por posicionamentos diferentes. “Ela está tentando evitar ficar no meio do fogo cruzado”, comenta Orsina, apontando para a habilidade de negociação e o delicado equilíbrio que a primeira-ministra precisa manter.
Além das disputas internas, Meloni também lida com percepções externas. Orsina observa que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky está atento à posição italiana, entendendo as limitações e as pressões que envolvem o governo de Roma. Essa interação reforça o desafio de Meloni: manter credibilidade internacional enquanto administra a frágil coalizão doméstica.
Para Orsina, o cenário italiano é emblemático de uma Europa que luta para conciliar autonomia política e lealdade transatlântica. “Ela não tem muitas alternativas”, conclui, ressaltando o peso das decisões que Meloni precisará tomar nos próximos meses.






























