RESUMO
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O número de cidadãos italianos vivendo no exterior ultrapassou os 6,1 milhões em 2023, de acordo com dados recentes do Istat (Instituto Nacional de Estatística da Itália). Contudo, nem todos esses cidadãos realmente emigraram da península. Um fenômeno peculiar emerge ao analisar os números: enquanto muitos italianos deixam o país em busca de melhores oportunidades, uma parte significativa dos novos cidadãos italianos no exterior obteve a nacionalidade por meio da chamada cittadinanza per discendenza (cidadania por descendência), sem nunca ter vivido na Itália.
O Crescimento de Italianos no Exterior
Em 2023, o número de italianos registrados no AIRE (Registro de Italianos Residentes no Exterior) aumentou em quase 200 mil pessoas. Países como Brasil (+55 mil), Argentina (+34 mil), Reino Unido (+23 mil) e Espanha (+22 mil) lideram o crescimento absoluto. Percentualmente, a Irlanda foi o destaque, com um aumento de 13% na comunidade italiana residente.
Mais da metade dos italianos no exterior vive em países da União Europeia, somando 2 milhões de pessoas. Outros 1,5 milhão residem em países europeus fora da UE, como a Suíça e o Reino Unido. Já nas Américas, vivem cerca de 2,3 milhões de italianos, com destaque para a América do Sul, onde Argentina e Brasil concentram 924 mil e 562 mil cidadãos italianos, respectivamente.
A Cidadania Por Descendência e Seus Efeitos nos Dados
A lei italiana permite que qualquer pessoa que prove descendência de um cidadão italiano, independentemente do tempo transcorrido, possa obter a cidadania. Esse mecanismo é particularmente popular em países como Brasil e Argentina, que receberam grandes fluxos migratórios de italianos entre os séculos XIX e XX.
Essa política gera cenários curiosos. Em países como a Argentina, muitos cidadãos nunca pisaram na Itália, mas ainda assim possuem passaporte italiano. O próprio presidente argentino, Javier Milei, recebeu recentemente a cidadania italiana graças a sua ascendência. Isso distorce os números sobre emigração, já que muitos “italianos” no exterior não emigraram, mas adquiriram a cidadania por meios legais.
Quantos Italianos Nascidos na Itália Realmente Vivem no Exterior?
Segundo o Istat, apenas 1,8 milhão dos italianos vivendo no exterior nasceram na Itália. Esse número é consideravelmente menor do que o total registrado no AIRE, evidenciando o impacto da cidadania por descendência. Além disso, muitos cidadãos italianos nascidos no exterior utilizam sua nacionalidade para se estabelecer em países europeus, especialmente na Espanha, devido à facilidade de integração cultural e linguística. Esse fenômeno reforça a ideia de que a cidadania italiana funciona como uma “porta de entrada” para o mercado europeu.
A Fuga de Cérebros e Seus Desafios
Enquanto isso, o país enfrenta um problema de fuga de cérebros. Jovens altamente qualificados continuam deixando a Itália devido à falta de oportunidades econômicas, instabilidade política e salários baixos. Os destinos mais comuns para essa nova geração de emigrantes são países da Europa Ocidental, como Alemanha, Reino Unido e França.
A coexistência desses dois fenômenos — cidadania por descendência e fuga de cérebros — apresenta desafios para a Itália. Por um lado, a presença de milhões de cidadãos italianos no exterior pode ser vista como uma extensão cultural e econômica do país. Por outro, a emigração de talentos ameaça o desenvolvimento interno e expõe fragilidades estruturais.
Reflexões Finais
O aumento do número de cidadãos italianos no exterior é, em parte, um reflexo de uma Itália globalizada, mas também evidencia desafios internos profundos. Enquanto a cidadania por descendência conecta descendentes à sua herança cultural, a fuga de cérebros indica a necessidade urgente de reformas econômicas e sociais que incentivem os jovens a construir seu futuro dentro do país. Encontrar um equilíbrio entre esses fatores será crucial para o futuro da Itália.