A primeira‑ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente da França, Emmanuel Macron, concordaram sobre a necessidade de adiar a votação final da União Europeia sobre o acordo comercial com o Mercosul, disseram duas fontes próximas às negociações à agência Reuters nesta segunda‑feira.
A França vem articulando entre os demais Estados‑membros uma ação para formar uma minoria de bloqueio que impeça a aprovação do pacto negociado pela Comissão Europeia. A votação estava prevista para esta semana em Bruxelas.
Defensores do acordo sustentam que o pacto é estratégico para reduzir a dependência europeia da China — em especial no que tange minerais essenciais — e também representa um alívio frente às tarifas impostas pelos Estados Unidos durante a administração de Donald Trump. Ao abrir mercados do Mercosul para produtos europeus, o acordo poderia oferecer a Bruxelas novos aliados comerciais em meio à concorrência global.
Segundo uma terceira fonte, a França poderia alcançar a minoria de bloqueio caso a Dinamarca, que atualmente detém a presidência rotativa do Conselho da UE, levasse a votação adiante. Para travar a aprovação por esse mecanismo, é necessário o apoio de ao menos quatro Estados‑membros que, em conjunto, representem pelo menos 35% da população da União Europeia.
Até o momento, Polônia e Hungria manifestaram oposição ao acordo UE‑Mercosul, enquanto Áustria e Irlanda demonstraram simpatia à posição francesa. O Palácio do Eliseu e o gabinete da primeira‑ministra Meloni não responderam de imediato a pedidos de comentário feitos nesta segunda‑feira.
No domingo, o governo francês anunciou publicamente que buscava adiar a votação da UE para garantir “proteções legítimas” aos agricultores europeus, que manifestam preocupação com a abertura do mercado a importações potencialmente mais baratas e com padrões ambientais possivelmente menos rigorosos. Produtores de carne bovina e de frango, em particular, temem prejuízos diante de um aumento de oferta com custos de produção inferiores.
A Comissão Europeia, responsável pelas negociações comerciais do bloco, apresentou em outubro um pacote de salvaguardas destinadas a proteger o setor agrícola. No entanto, Paris considerou as medidas apresentadas até então insuficientes, classificando‑as como “incompletas”.
O acordo, assinado há aproximadamente um ano entre a UE e os países do Mercosul — Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai —, depende agora de uma votação final no seio da União Europeia antes de seguir para ratificação pelos parlamentos nacionais dos Estados‑membros. A proposta é vista como potencial facilitadora para exportadores europeus fortemente afetados por tarifas externas e pela concorrência chinesa.
A expectativa por um desfecho na votação em Bruxelas manteve a tensão entre defensores do comércio exterior ampliado e representantes do setor agrícola que exigem garantias adicionais. A discussão sobre o calendário da votação e eventuais ajustes continua, enquanto representantes diplomáticos e governamentais tentam costurar apoios e avaliar o alcance de uma possível minoria de bloqueio.
Fonte: Reuters / Publicado originalmente por Money Times
Fonte original: https://www.moneytimes.com.br/franca-e-italia-estao-alinhadas-sobre-necessidade-de-adiar-votacao-final-sobre-acordo-ue-mercosul/































