Fontes de serviços de inteligência ocidentais e ucranianos disseram à CNN que pessoal russo ligado aos serviços militares e de segurança do país tem realizado atividades de espionagem em águas europeias enquanto atuava de forma clandestina a bordo de navios-tanque que transportam petróleo russo. A apuração exclusiva indica um uso cada vez mais operacional da chamada flota sombra do Kremlin.
Desde a invasão da Ucrânia, a Rússia teria desenvolvido uma verdadeira flota sombra composta por centenas de petroleiros que movimentam o petróleo russo a partir de portos do Báltico e do Mar Negro. Esses navios têm gerado para o governo russo centenas de milhões de dólares por ano, segundo relatos das agências de inteligência consultadas pela rede estadunidense.
A investigação da CNN inclui a análise de duas listas de tripulação desses navios. Os documentos mostram que, na maior parte dos casos, os integrantes das equipes inscritas nas listas não são russos. No entanto, em cada uma dessas listas constam, no rodapé, pelo menos dois nomes russos acompanhados dos detalhes dos seus passaportes. A presença desses nomes russos, segundo as fontes, levanta suspeitas porque alguns dos indivíduos têm histórico ligado a organizações de segurança.
Capitais europeias teriam reagido com preocupação ao descobrir que pessoas com formação e vínculos na área de segurança estão sendo integradas, de maneira dissimulada, à tripulação da flota sombra. Para os analistas ouvidos, isso demonstra um grau de audácia crescente nas táticas do Kremlin, que passa a utilizar os navios não apenas para fins econômicos, mas também como plataforma para atividades de inteligência.
Contactadas pelas fontes, várias agências de inteligência ocidentais identificaram que alguns desses homens estariam ligados a uma empresa russa pouco conhecida, descrita nas investigações como a Moran Security. Trata-se, segundo as fontes, de uma organização de caráter secreto que emprega pessoal com formação em segurança e serviços militares para operações discretas embarcadas.
Especialistas consultados afirmam que a infiltração de agentes e de pessoal com perfil de segurança em embarcações comerciais complica a vigilância marítima e a identificação de práticas ilícitas. A operação em águas europeias, quando confirmada, pode configurar uma escalada nas modalidades de atuação da Rússia fora do teatro terrestre ucraniano, envolvendo agora meios navais e logísticos sob cobertura comercial.
As implicações diplomáticas e de segurança são amplas: além do risco direto de coleta de informações e de inteligência, há preocupação com possíveis ações coordenadas destinadas a burlar sanções e controles internacionais sobre a exportação de energia russa.
As autoridades não divulgaram publicamente todos os detalhes das listas analisadas pela CNN, mas a fonte do relato enfatizou que a presença de nomes russos com passaportes especificados em documentos oficiais de embarque foi um fator decisivo para o alarme nas capitais europeias. As investigações prosseguem junto a serviços de inteligência aliados e às agências marítimas responsáveis pelo rastreio de navios.
Fonte: ANSA (notícia original baseada em reportagem da CNN) — https://www.ansa.it/sito/notizie/mondo/europa/2025/12/18/cnn-la-flotta-ombra-russa-usata-anche-per-spiare-in-europa_72dc83c1-ba90-4a09-8193-4e2006aab039.html

























