Em uma decisão importante para os imigrantes e seus descendentes, o Tribunal Constitucional da Itália declarou admissível, em 20 de janeiro de 2025, um referendo que propõe a redução do tempo de residência necessário para solicitar a cidadania italiana. Atualmente, a Lei nº 91/1992 exige que um estrangeiro não pertencente à União Europeia (UE) resida legalmente na Itália por 10 anos para poder requerer a cidadania. A proposta de referendo, no entanto, sugere a redução desse prazo para 5 anos, alinhando-se ao prazo exigido para estrangeiros adotados por cidadãos italianos.
O Contexto Legal
A cidadania italiana é regida pela Lei nº 91/1992, que estabelece que os estrangeiros não europeus devem viver na Itália de forma contínua e legal por pelo menos 10 anos antes de se qualificarem para solicitar a cidadania. Esse período é visto como uma forma de garantir que o indivíduo tenha vínculos suficientes com o país e seja capaz de contribuir com a sociedade italiana.
No entanto, a proposta que será discutida no referendo visa alterar o artigo 9º da referida lei. O pedido é para que o tempo de residência seja reduzido pela metade, de 10 para 5 anos, o que se alinha com a prática de vários países europeus, que oferecem um tempo de residência mais curto para estrangeiros não pertencentes à UE.
O Impacto da Proposta
Essa mudança pode ter um grande impacto, especialmente para os estrangeiros que vivem e trabalham na Itália, mas ainda não têm cidadania italiana. De acordo com a proposta, os imigrantes que vivem na Itália há pelo menos 5 anos poderiam solicitar a cidadania italiana sem ter que esperar o longo período de 10 anos exigido atualmente.
Além disso, a alteração também permitirá que os estrangeiros tenham acesso mais fácil a direitos fundamentais, como o direito de participar de concursos públicos, votar e ser elegíveis para cargos públicos, além de facilitar o acesso a serviços essenciais, como cuidados de saúde e segurança social.
A Situação Atual
Atualmente, os imigrantes que não possuem cidadania italiana enfrentam várias dificuldades, mesmo que vivam na Itália por muitos anos. Além de estarem sujeitos a custos administrativos mais elevados para processos burocráticos, esses imigrantes não podem participar de muitas oportunidades que estão disponíveis apenas para cidadãos italianos. A proposta de reduzir o tempo de residência para a cidadania visa corrigir essas desigualdades e promover uma integração mais eficiente dos estrangeiros na sociedade italiana.
O Debate Público
O referendo sobre a redução do tempo de residência para a cidadania italiana é um dos cinco referendos que o Tribunal Constitucional considerou admissíveis. Essa mudança, se aprovada, colocaria a Itália em linha com outros países europeus que já adotaram períodos de residência mais curtos para a naturalização de imigrantes.
A proposta tem gerado discussões tanto entre políticos, como os senadores La Marca (PD) e Menia (FDI), quanto entre representantes da diáspora italiana, especialmente em países onde há uma grande concentração de imigrantes italianos e seus descendentes. Para o Conselho Geral dos Italianos no Exterior (CGIE), a medida representa um passo importante na luta pela integração e valorização dos imigrantes e seus descendentes.
O Que Está em Jogo
Caso a proposta seja aprovada pelo referendo, a cidadania italiana será mais acessível para aqueles que já têm raízes na Itália e que contribuirão ativamente para o país, seja no mercado de trabalho ou na vida social. Isso fortalecerá a identidade italiana e poderá aumentar a coesão social.
O referendo será uma oportunidade para o povo italiano decidir sobre a questão e avaliar se o atual sistema de cidadania ainda é o mais adequado para o mundo globalizado de hoje.
O referendo proposto para reduzir o tempo de residência necessário para a cidadania italiana é um marco importante para a cidadania e a inclusão social dos imigrantes na Itália. A medida não só promove uma maior integração, como também garante uma igualdade de oportunidades para aqueles que já fazem parte da sociedade italiana. O futuro da cidadania italiana pode estar em jogo, e a decisão dos cidadãos será crucial para determinar os rumos dessa questão.