O prefeito de Pescate, na província de Lecco, Dante De Capitani, negou a concessão da cidadania italiana a um cidadão kosovar residente na cidade há cerca de dez anos. O episódio, ocorrido em 30 de maio de 2025, gerou debate sobre os critérios de integração e domínio da língua exigidos no processo de naturalização.
Segundo informações divulgadas pela administração municipal, o homem compareceu à cerimônia para prestar o juramento de fidelidade à República Italiana etapa final e obrigatória para a obtenção da cidadania. No entanto, durante a leitura do texto, ele não conseguiu pronunciar nenhuma palavra em italiano.
“Apesar de possuir todos os documentos em ordem e o certificado de conclusão de um curso de língua italiana, verificamos que ele não conseguia ler nem falar absolutamente nada em italiano”, explicou a vice-prefeita Miriam Lombardi. “Durante a cerimônia, sua esposa e filhos responderam por ele, o que nos levou a questionar a autenticidade de sua integração linguística e cultural.”
De Capitani explica: “Deveria ter sido uma mera formalidade, como costuma acontecer. A pessoa em questão preenchia todos os requisitos; todos os documentos necessários estavam em ordem, tendo sido verificados pela Prefeitura de Lecco. Bastava que ele lesse a fórmula padrão e prestasse o juramento. Só que ele não conseguiu pronunciar uma única palavra de italiano.” Nesse momento, o vice-prefeito levou o assunto ao conhecimento do prefeito.
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Ainda segundo Lombardi, o próprio prefeito decidiu não assinar o decreto de concessão, entendendo que o desconhecimento completo da língua italiana é incompatível com o ato solene do juramento de cidadania.
A família do kosovar, por sua vez, justificou a dificuldade afirmando que ele trabalha e convive apenas com outros compatriotas, o que teria limitado seu aprendizado do idioma ao longo dos anos.
O caso reacende o debate sobre os requisitos de integração exigidos aos estrangeiros que buscam a cidadania italiana. Atualmente, a legislação prevê o conhecimento do idioma em nível mínimo B1, certificado por instituições reconhecidas, além de residência regular e ausência de antecedentes criminais.
Embora os documentos do solicitante estivessem formalmente corretos, o episódio em Pescate levanta dúvidas sobre a efetividade dos controles aplicados nos cursos e exames de italiano exigidos para a naturalização.
“Não se trata de discriminação, mas de coerência”, afirmou o prefeito De Capitani. “A cidadania italiana é um direito que deve vir acompanhado do respeito e da compreensão da língua e dos valores do país.”
O caso deve ser encaminhado às autoridades competentes para reavaliação do procedimento e possível recurso por parte do solicitante. Enquanto isso, o episódio segue como um exemplo das tensões entre burocracia, integração cultural e aplicação prática das normas de cidadania na Itália contemporânea.































