A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, discursou nesta segunda-feira na Câmara dos Deputados, em Roma, para esclarecer a posição da Itália sobre a recente escalada militar entre os Estados Unidos e o Irã. Em pronunciamento transmitido ao vivo, Meloni afirmou que o país “não teve qualquer participação no ataque americano” contra instalações nucleares iranianas e reiterou que a prioridade da Itália é promover a distensão no Oriente Médio.
A fala de Meloni antecede o Conselho Europeu de 26 e 27 de junho, onde o tema central será a crescente tensão entre Washington e Teerã. Segundo a premiê, o governo italiano tem mantido diálogos com diversos líderes internacionais e reiterou que sua postura é diplomática. Entre os interlocutores mencionados, estão o presidente francês Emmanuel Macron, o líder alemão Friedrich Merz e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer. Também houve contatos com os representantes do mundo árabe e o atual presidente do G7, o canadense Mark Carney.
“A Itália não participou nem foi consultada previamente sobre o ataque”, disse Meloni. “Nossa posição é clara: é urgente que todas as partes retornem à mesa de negociações.”
❝Irrelevância disfarçada de protagonismo❞
Apesar da tentativa de Meloni de apresentar o governo como ativo no cenário internacional, a oposição reagiu duramente ao discurso. Davide Faraone, do Italia Viva, afirmou que o governo está “à margem das decisões cruciais” e que Meloni “finge protagonismo onde há irrelevância”.
“Nos disseram que as negociações estavam sendo retomadas, mas os EUA nem sequer informaram Roma antes do ataque. Isso não é ser ponte diplomática, é ser ignorado”, disparou Faraone, em referência ao fato de o Reino Unido ter sido avisado oficialmente antes da ofensiva.
O Partido Democrático também se manifestou, exigindo garantias de que a Itália não cederá suas bases militares para operações americanas e cobrando “um compromisso concreto” para conter a escalada.
Pressões internas e cenário internacional
Além da cúpula europeia, Meloni confirmou sua presença na cúpula da OTAN em Haia, reforçando a linha diplomática como ferramenta de contenção do conflito. A líder italiana conversou por telefone com Elly Schlein, secretária do Partido Democrata, que pediu que a Itália lidere os esforços dentro da União Europeia para mediar a crise.
No Senado, o tema será debatido nesta terça-feira (24), com nova intervenção prevista da primeira-ministra.