Em um momento de crescente tensão internacional, a Primeira-Ministra da Itália, Giorgia Meloni, reafirmou a posição firme do G7 em impedir que o Irã desenvolva armas nucleares. Em entrevista concedida na reta final do encontro do grupo em Hiroshima, Meloni ressaltou que o desenvolvimento nuclear do Irã representa uma ameaça global, não apenas para Israel, mas para toda a comunidade internacional.
“Um país como o Irã equipado com uma arma nuclear seria uma ameaça para todos nós”, afirmou Meloni, destacando que até o momento as tentativas de negociação com Teerã “não resultaram em avanços”. Porém, após os recentes ataques em Tel Aviv, ela reconheceu que o cenário pode estar mudando, e o Irã pode vir a ser pressionado a sentar-se à mesa de negociações e reconsiderar seu programa nuclear.
Ao ser questionada sobre declarações controversas feitas pelo chanceler alemão, que sugeriu que Israel estaria “fazendo o trabalho sujo para todos”, e do presidente francês Emmanuel Macron, que advertiu contra ações militares para derrubar o regime iraniano, Meloni defendeu o direito de Israel de agir para garantir sua segurança enquanto a ameaça persistir.
“A melhor solução seria que o povo iraniano oprimido conseguisse derrubar o regime, mas enquanto isso não acontecer, nosso foco é impedir que o Irã se torne uma potência nuclear”, declarou.
Sobre a proposta do presidente americano Donald Trump para que o presidente russo Vladimir Putin atuasse como mediador do conflito, Meloni foi categórica: “Confiar a uma nação em guerra a mediação de outra guerra não me parece a melhor opção a ser considerada”. A Primeira-Ministra expressou ceticismo quanto à disposição das partes em buscar um acordo nesse momento.
Ao comentar a possibilidade de a Itália ser chamada a ceder suas bases militares aos Estados Unidos em caso de envolvimento americano em um conflito com o Irã, Meloni ressaltou que “não é uma decisão que se toma assim, e que o governo italiano irá consultar as autoridades competentes antes de qualquer definição”.
Além das questões relacionadas ao Irã, a chefe do Executivo italiano abordou o tema da Ucrânia, negando que o G7 tenha encerrado sua atuação ou debate no país. “Não havia uma declaração final prevista, mas é claro que precisamos pressionar Moscou com sanções eficazes”, disse, destacando o consenso sobre o apoio a uma paz justa e duradoura, embora tenha reconhecido a falta de disposição da Rússia para negociar.
Em relação às disputas comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia, Meloni demonstrou otimismo com o andamento das negociações, qualificando o diálogo como “calmo e aberto”.
Por fim, a primeira-ministra enfatizou a convergência do G7 quanto à necessidade de aliviar a pressão sobre Gaza, afirmando que “chegou a hora” de buscar medidas humanitárias, e elogiou o modelo italiano de gestão migratória, que tem sido apreciado pela cúpula.