O cenário político italiano teve um sábado marcado por debates intensos e confrontos entre lideranças de diferentes espectros ideológicos. Enquanto a primeira-ministra Giorgia Meloni reforçou sua posição de defesa da unidade do Ocidente ao lado dos Estados Unidos, recebeu críticas severas de lideranças oposicionistas, como Elly Schlein e Matteo Renzi. Ao mesmo tempo, a sintonia demonstrada entre Meloni e Carlo Calenda durante o Congresso da Azione contrasta com os embates entre outras lideranças políticas, incluindo um ataque direto de Calenda a Giuseppe Conte.
Meloni Reafirma Aliança com os EUA e Defesa da Europa
A primeira-ministra Giorgia Meloni utilizou o palco do Congresso da Azione para esclarecer sua posição sobre a relação da Itália com os Estados Unidos e a Europa. Segundo ela, sua entrevista ao Financial Times foi mal interpretada. “Estou muito surpresa com a interpretação da minha entrevista ao FT: dizem que Meloni declara estar com Trump contra a Europa, mas não foi isso que eu disse. Eu disse que estou sempre com a Itália, que a Itália está na Europa e que seu papel também deve ser o de defender a unidade do Ocidente”, afirmou a premiê.
Meloni também criticou a postura de algumas lideranças europeias em relação à segurança e à defesa do continente. “Ou rompemos qualquer forma de aliança com os Estados Unidos e pedimos que cuidem da nossa segurança, ou transformamos a Europa em uma grande comunidade hippie, esperando pela boa fé de outras potências estrangeiras”, ironizou. Leia mais sobre: Meloni e Trump -Relações Intercontinentais e o Futuro da Europa em Tempos de Guerra.
Schlein e Renzi Acusam Meloni de Submissão a Trump
A secretária do Partido Democrata (PD), Elly Schlein, aproveitou a ocasião para criticar as divisões internas do governo sobre defesa e rearmamento, mencionando os desentendimentos entre Antonio Tajani e Matteo Salvini. “Um governo que não tem outros argumentos em política externa além de atacar a oposição é um governo improvisado”, declarou Schlein, acusando Meloni de ser “subserviente a Trump” e de relegar a Itália às margens da Europa.
Matteo Renzi, líder do Italia Viva, também atacou Meloni, especulando sobre sua relação com o ex-presidente americano. “Se Trump quer destruir as empresas italianas, imagino que Giorgia Meloni dirá: ‘Caro Trump, pensamos na Itália’. Mas, em vez disso, parece-me que ela está preocupada em beijar o chinelo dos americanos”, afirmou Renzi, reforçando sua posição a favor de uma relação equilibrada entre Itália e EUA, sem submissão.
Outro destaque do debate político foi o embate entre Carlo Calenda e Giuseppe Conte. Em seu discurso, Meloni brincou com o tom incisivo de Calenda: “Depois do seu discurso, eu sou a moderada!”. Calenda, por sua vez, atacou diretamente o Movimento 5 Estrelas (M5S), criticando os gastos com o Superbonus e a posição do partido em relação à política externa. “A única maneira de lidar com isso é cancelá-lo”, disse ele, arrancando aplausos da plateia.
A resposta de Conte veio rapidamente e com tom de desdém. “Hoje, dor de estômago nas alturas para o partido transversal de armas em profusão: insultos e ataques em rápida sucessão para mim e para o M5S de Meloni, Crosetto, Calenda. Continuem, são medalhas”, publicou Conte em suas redes sociais.
Tensões na Maioria e Divergências Internas
A tensão política não se restringiu apenas à oposição. Matteo Salvini, líder da Liga, garantiu que a coalizão governista segue “compacta”, mas a Forza Italia demonstrou surpresa com algumas mudanças anunciadas no Parlamento por deputados da Liga em relação à cidadania italiana. “Eles dizem coisas diferentes do que seus próprios ministros votaram no Conselho de Ministros”, criticou o porta-voz da FI, Raffaele Nevi.
O debate acirrado deste sábado expõe não apenas as divisões entre governo e oposição, mas também as fissuras dentro da própria coalizão governista. Com Meloni buscando consolidar sua liderança internacional, as críticas de Schlein, Renzi e Conte reforçam os desafios políticos internos que o governo italiano enfrentará nos próximos meses.