Apesar de enfrentarem discriminação no trabalho, dificuldades na obtenção de permissões de residência e acesso limitado a serviços públicos, os estrangeiros residentes na Itália continuam sendo um pilar importante da economia do país. Segundo o Centro de Estudos Idos, as contribuições fiscais líquidas dos imigrantes atingiram 4,6 bilhões de euros em 2023, refletindo uma participação significativa no orçamento nacional.
O 35º Relatório de Estatísticas de Imigração 2025, apresentado pelo Centro Idos, revela que os estrangeiros continuam sendo “alvos de indignação coletiva por problemas endêmicos não resolvidos”, mas ainda assim garantem um impacto econômico substancial. A diferença entre o valor que a Itália atribui à imigração (34,5 milhões de euros) e o valor efetivamente recebido pelos imigrantes (39,1 milhões) evidencia que a contribuição dos estrangeiros vai além do que é contabilizado oficialmente.
Empreendedorismo e Trabalho Assalariado
Em 2024, havia 667.767 empresas geridas por estrangeiros, representando 11,3% do total de empresas italianas. Dessas, mais de um terço (37%) possui mais de 10 anos de atividade, mostrando consolidação e estabilidade no setor empresarial.
No mercado de trabalho, os estrangeiros somam cerca de 2,5 milhões de trabalhadores, representando 10,5% do total, com crescimento previsto de 5,9% até 2024, acima da média nacional de 1,5%. Embora a força de trabalho imigrante seja majoritariamente composta por ocupações pouco qualificadas, a presença se destaca em setores como agricultura (20%), hotelaria e restauração (18,5%), construção (16,9%) e serviços familiares (65,3%). Em contrapartida, sua presença é menor em setores de serviços públicos, crédito e educação.
A taxa de emprego entre estrangeiros é de 62,3%, praticamente igual à dos italianos (62,2%). Entre as mulheres estrangeiras, porém, o desemprego permanece mais alto (50,3%) em relação às italianas (49,4%).
Crescimento Populacional e Nascimentos
O número de residentes estrangeiros na Itália continuou a crescer em 2024, chegando a 5.422.426 pessoas, ou 9,2% da população total. Mesmo diante do declínio demográfico do país, a migração mostra-se um fator positivo, com saldo de nascimentos superior aos óbitos (+39.109). Entre os 370 mil nascidos no país em 2024, 13,5% são filhos de pais estrangeiros e 7,8% de casais mistos.
A maioria dos residentes estrangeiros possui autorização de residência por tempo indeterminado (52,8%), enquanto os restantes têm autorização temporária, principalmente por motivos familiares (37%), de trabalho (27,4%) ou proteção internacional (26,9%).
Solicitação de Asilo e Chegadas por Mar
Em 2024, o número de chegadas por mar diminuiu para 66.317, mas o total de solicitantes de asilo aumentou para 158.605, refletindo fluxos menos visíveis por terra e ar, bem como efeitos retardados de movimentos migratórios anteriores. A taxa de mortalidade no Mediterrâneo central permanece crítica, apesar da redução de mortes, com 1.810 óbitos registrados apenas em 2024.
O panorama traçado pelo Centro Idos demonstra que os estrangeiros na Itália representam não apenas um contingente populacional crescente, mas também uma força econômica e social relevante. Entre contribuições fiscais, empreendedorismo e trabalho em setores essenciais, eles sustentam parte significativa do país, apesar de desafios persistentes de integração e discriminação.






























