Pela segunda semana consecutiva, a Itália enfrenta uma sexta-feira marcada por paralisações no setor de transportes, levando caos às principais cidades do país. O dia começou com estações lotadas, trens cancelados, voos atrasados e ônibus parados, resultado de uma greve nacional convocada por diversas entidades sindicais, que exigem reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
A paralisação, que teve início à meia-noite desta sexta-feira, afeta trens regionais e de longa distância, voos domésticos e internacionais, além do transporte público local em cidades como Roma, Milão, Nápoles e Florença. É o segundo “venerdì nero” (sexta-feira negra) do mês de junho, que já entrou para o calendário dos protestos de trabalhadores italianos.
Estudantes e trabalhadores prejudicados
Nas primeiras horas do dia, o cenário nas estações era de frustração e improviso. Em Roma Termini, uma das maiores estações do país, estudantes e trabalhadores se acumulavam nas plataformas à espera de algum trem que não tivesse sido cancelado.
“Preciso ir a Milão para um exame. Espero que o trem chegue, senão perdi tudo”, contou ansioso um estudante universitário, encostado em sua mala na capital italiana.
Reivindicações sindicais
A greve foi convocada por diversas siglas, entre elas a CGIL, UIL e sindicatos autônomos, e reivindica o fim da precarização, reajustes salariais compatíveis com o custo de vida e mais investimentos públicos para garantir segurança e qualidade nos serviços de transporte.
“É inaceitável que os trabalhadores continuem sendo penalizados com salários defasados e contratos inseguros”, afirmou em nota o porta-voz da federação de transportes da CGIL.
Caos nos aeroportos
Nos aeroportos de Fiumicino (Roma) e Malpensa (Milão), passageiros enfrentam filas e atrasos em voos nacionais e internacionais. Algumas companhias aéreas tentam reorganizar os horários, mas muitos voos foram simplesmente cancelados. Controladores de voo, pessoal de terra e parte da equipe de bordo também aderiram à paralisação.
Transporte local parado
Em Turim, Bolonha, Palermo e Florença, ônibus e bondes circulam apenas em horários mínimos garantidos por lei (geralmente nas faixas de pico, das 6h às 9h e das 18h às 21h). Fora desses horários, a circulação é incerta ou inexistente.
Governo monitora, mas ainda sem acordo
O Ministério do Trabalho informou que está acompanhando as negociações, mas ainda não houve proposta formal de solução ou diálogo direto com os sindicatos. Analistas políticos afirmam que novas paralisações não estão descartadas para as próximas semanas, caso não haja avanço nas tratativas.