A maioria do governo italiano se mostra dividida em relação à tributação de lucros extraordinários dos bancos. Nesta quinta-feira, o vice-premier Antonio Tajani deixou claro que não haverá um imposto ao estilo soviético sobre os extraprofitti, respondendo a perguntas sobre a próxima lei de Orçamento.
A tensão surge poucos dias após a aprovação do Documento Programático de Bilancio pelo Conselho de Ministros, e antes da apresentação do texto final da manobra fiscal, prevista para amanhã às 11h. O debate gira em torno de como as instituições bancárias devem contribuir para o financiamento de áreas estratégicas como saúde e transporte.
Posições divergentes na coalizão
De um lado, a Lega defende fortemente a arrecadação das instituições financeiras. Segundo senadores do partido, liderados pelo presidente Massimo Garavaglia e pelo capogruppo Stefano Borghesi, os recursos provenientes dos bancos são “fundamentais” para o sustento da saúde pública e dos transportes. A nota destaca que essa linha foi “trilhada por Matteo Salvini e seguida pelo governo na elaboração da manobra”, e conclui: “Graças à Lega, vence o bom senso”.
Do outro lado, Forza Italia mantém um veto firme contra qualquer tributo sobre extraprofitti. O partido reforça a posição de Tajani: “Não votaremos nenhuma taxa sobre lucros extraordinários. Nem no Conselho de Ministros, nem no Parlamento”. Segundo os azzurri, é necessário buscar um acordo entre governo e bancos para financiar saúde, empresas, aumentos salariais e cortes no IRPEF, mas sempre sem recorrer a imposições que assustem mercados e investidores, italianos ou estrangeiros, alertam.
Caminho até a aprovação
O Documento Programático de Bilancio foi aprovado na última terça-feira, mas ainda falta a votação do texto integral da manobra fiscal. Embora o governo tenha marcado para amanhã a apreciação final, fontes políticas não descartam adiamentos para ajustes, de modo a reduzir as tensões dentro da coalizão de centro-direita.
A discussão sobre os bancos e os extraprofitti evidencia a complexidade de equilibrar necessidades fiscais do Estado e a preservação de um ambiente favorável ao investimento, tema que seguirá em destaque nas próximas decisões do governo italiano.