O número de habitantes da província de Brescia registrados no AIRE, o Cadastro de Italianos Residentes no Exterior, terá atingido 73.144 pessoas em 2025, aproximadamente o dobro do registrado há dez anos. Os dados constam do último Relatório sobre Italianos no Mundo, publicado pela Fundação Migrantes.
Entre esses cerca de 73 mil expatriados, um quarto vive no exterior desde o nascimento, enquanto a faixa etária mais representativa é a dos 18 aos 34 anos. Os idosos acima de 65 anos correspondem a pouco mais de 12% do total. A distribuição de gênero é equilibrada: 52,5% homens e 47,5% mulheres.
Os números refletem uma diversidade de trajetórias e motivações. Há descendentes de italianos na América Latina que aproveitaram leis que lhes garantiam privilégios de cidadania. Mesmo com restrições implementadas em maio, alguns casos recentes, como o do presidente argentino Javier Milei, ilustram que o processo continua ativo e, em certos casos, célebres. Além disso, há imigrantes nascidos fora da Itália que, após adquirir a cidadania italiana, se mudaram para outros países da União Europeia ou para os Estados Unidos.
O relatório da Fundação Migrantes enfatiza que a emigração contemporânea não se reduz à fuga de cérebros ou à busca por aventura. Ela é, sobretudo, uma resposta estrutural às deficiências do país, refletindo dificuldades em garantir condições dignas de vida e trabalho. Segundo o documento:
“Não são apenas os espíritos aventureiros que partem, mas também, e sobretudo, aqueles que não conseguem encontrar espaço para viver com dignidade na Itália.”
Outro ponto destacado é a desigualdade territorial da emigração. O fenômeno não ocorre de forma uniforme. Está concentrado no Sul, em pequenas cidades e áreas periféricas ou desindustrializadas do Centro e Norte. Nesse contexto, Brescia apresenta uma taxa de registros no AIRE de cerca de 6% da população residente, quase metade da média nacional, que é de 11%.
O crescimento no número de brescianos no exterior, portanto, reflete não apenas uma tendência migratória histórica, mas também uma combinação de mobilidade, circulação de competências e experiências educacionais internacionais, mostrando que a vida fora da Itália é, para muitos, tanto uma escolha estratégica quanto uma necessidade.































