RESUMO
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A Itália, tradicionalmente um destino atraente para expatriados de alta renda, está mudando sua política fiscal de forma significativa. Recentemente, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, aprovou um aumento substancial na taxa anual fixa que os estrangeiros ricos devem pagar para obter isenção de impostos sobre renda gerada no exterior, doações e heranças. A medida visa ajustar a política fiscal italiana à nova realidade econômica global e ao crescente número de relocadores internacionais.
A Nova Medida: O Que Está Mudando?
Desde 2017, a Itália ofereceu uma taxa fixa anual de € 100.000 (aproximadamente $ 123.000) para expatriados ricos que se estabelecessem no país. Esse regime fiscal permitia que esses indivíduos fossem isentos de impostos sobre doações, heranças e renda gerada fora da Itália por um período de até 15 anos. Essa isenção foi uma estratégia para atrair indivíduos de alta renda e estimular a economia local, aumentando os gastos e o investimento.
No entanto, a partir deste ano, o governo italiano decidiu dobrar esse imposto fixo para € 200.000 (cerca de $ 219.000) por ano. De acordo com o ministro das Finanças, Giancarlo Giorgetti, essa alteração visa reduzir o apelo da Itália como um paraíso fiscal para super-ricos e garantir que o país não perca recursos importantes para a sua economia.
Impacto Potencial da Nova Taxa
Essa mudança na política fiscal pode ter várias repercussões. De um lado, pode diminuir o número de expatriados ricos que optam por se mudar para a Itália no futuro. Desde a introdução da medida original, cerca de 4.000 indivíduos de alta renda transferiram sua residência fiscal para o país, atraídos pela promessa de benefícios fiscais. A nova taxa mais alta pode desincentivar novos relocadores, conforme observado por Tim Stovold, sócio da empresa de contabilidade Moore Kingston Smith.
Por outro lado, a medida pode ter um impacto positivo no mercado imobiliário italiano. Grandes cidades como Roma e Milão vivenciaram um boom significativo nos preços dos imóveis após o Brexit, impulsionado pela demanda de compradores de alta renda. Em Roma, as vendas residenciais de alto padrão aumentaram 31,4% em 2020, e Milão viu um aumento de 43% nos preços dos imóveis nos últimos cinco anos. O aumento do imposto pode fazer com que os preços se estabilizem, beneficiando os moradores locais e potencialmente tornando o mercado mais acessível.
Comparações com Outras Jurisdições
Outros países também oferecem incentivos fiscais para expatriados ricos, mas com condições diferentes. Na Grécia, por exemplo, há um regime fiscal semelhante que exige um imposto fixo anual de € 100.000 por 15 anos, mas os indivíduos devem investir pelo menos € 500.000 para se qualificar. Em contraste, os Emirados Árabes Unidos atraem milionários com a ausência de imposto de renda individual, e o país está projetado para ter um recorde de 6.700 milionários até o final do ano.
A Visão do Governo Italiano
Giorgetti também destacou que a Itália não deseja competir com outros países para criar paraísos fiscais. “Como discutido em reuniões do G20 e do G7, não queremos entrar em uma competição para oferecer condições fiscais vantajosas para pessoas ou empresas”, afirmou. “Com um espaço fiscal limitado, a Itália não pode se dar ao luxo de perder essa competição.”
A recente decisão do governo italiano de dobrar o imposto fixo anual para expatriados ricos reflete um ajuste estratégico na política fiscal do país. Embora a medida possa reduzir a atratividade da Itália como destino para novos residentes de alta renda, ela também visa proteger os recursos fiscais e garantir um equilíbrio econômico mais sustentável. As mudanças terão implicações significativas para o mercado imobiliário e para a economia local, enquanto a Itália busca posicionar-se de maneira mais equilibrada na competição global por riqueza.