RESUMO
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Na manhã desta terça-feira, 20 de maio de 2025, durante a 482ª sessão pública da Câmara dos Deputados italiana, o deputado Christian Di Sanzo (PD), eleito pela Circunscrição do Exterior, fez um dos discursos mais contundentes contra o decreto-lei n. 36/2025 — uma medida que promete reformular radicalmente as regras da cidadania italiana.
Segundo Di Sanzo, o governo de Giorgia Meloni está promovendo “a peça mais trágica de um plano deliberado para desmantelar a realidade dos italianos no exterior”. O parlamentar acusa a coalizão governista de conduzir um ataque ideológico, travestido de reforma, que ameaça cortar os laços históricos, culturais e jurídicos entre a Itália e suas comunidades emigradas.
O cerne das críticas de Di Sanzo está na nova exigência de que os filhos de cidadãos italianos com dupla cidadania só poderão transmitir a nacionalidade italiana se tiverem vivido ao menos dois anos na Itália. Para o deputado, isso equivale a penalizar gerações futuras simplesmente por seus pais ou avós terem optado por uma vida no exterior — e mais ainda, por adquirirem uma segunda cidadania.
“Vocês estão dizendo que os netos daqueles que emigram hoje não serão mais cidadãos italianos porque seus avós cometeram o ‘pecado’ de adquirir dupla cidadania”, afirmou.
Di Sanzo alerta: a medida praticamente nos leva de volta ao período anterior a 1992, quando a dupla cidadania ainda era restrita e incompatível com a legislação italiana. Para ele, é uma regressão que ignora a realidade globalizada do século XXI.
Outro ponto de tensão abordado por Di Sanzo diz respeito à nova regra que obriga o registro de filhos de cidadãos italianos no exterior dentro do prazo de um ano após o nascimento. A crítica é direta: os consulados italianos estão sobrecarregados, com prazos longos e escassez de agendamentos. Na prática, isso pode significar que recém-nascidos perderão o direito à cidadania não por culpa das famílias, mas por uma burocracia intransponível.
O deputado também denunciou a forma como o decreto foi implementado: um divisor de águas a partir de 27 de março, que gerou confusão entre requerentes, cartórios consulares e advogados. Apenas após intervenção do PD é que os processos já agendados foram salvos da anulação.
“É como se vocês prometessem algo a pessoas que gastaram milhares de euros… e depois cancelassem tudo dizendo que estavam apenas brincando”, disparou Di Sanzo.
O único ponto positivo, segundo o deputado, foi a possibilidade de reacesso à cidadania para quem a perdeu antes de 1992. Contudo, o dispositivo falha em garantir que os filhos e netos dessas pessoas possam herdar o direito, o que, para ele, transforma um avanço parcial em uma decepção familiar e jurídica.
Uma Pátria Que Se Fecha
Di Sanzo foi direto ao acusar o governo Meloni de trair os princípios de pluralidade e modernidade:
“Vocês decretam a morte das comunidades no exterior… porque, na sua ideia de Pátria, não cabe alguém que seja cidadão de mais de um país.”
Ele acusou o atual governo de agir com um nacionalismo anacrônico e cego à globalização — e concluiu com um alerta: “Hoje é o começo do fim de uma realidade, o fim de um legado cultural, político e histórico”.
Apesar do tom dramático, Di Sanzo encerrou com um chamado à responsabilidade: uma nova proposta de lei sobre cidadania já está tramitando no Senado. Para ele, este pode ser o momento de reparar os danos e evitar que o legado das comunidades italianas no exterior seja irremediavelmente perdido.
“Sabemos que este decreto é mais uma peça no plano de desmantelamento. Mas não desperdicemos a próxima oportunidade.”