A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29) em Roma, na Itália, conforme confirmou o Ministério da Justiça brasileiro. Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 10 anos de prisão, Zambelli estava foragida desde o fim de maio e foi incluída na lista da Interpol.
A prisão aconteceu após o deputado italiano Angelo Bonelli informar à polícia o endereço onde a parlamentar brasileira estava hospedada. Em uma publicação em sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter), Bonelli relatou:
“Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli.”
Poucas horas depois, as autoridades italianas confirmaram que a deputada foi encontrada no local indicado e detida. Segundo Bonelli, ele mesmo fez a ligação à polícia nacional italiana. “Duas horas e meia depois, a polícia confirmou que ela estava no apartamento. Consequentemente, foi aplicado o pedido da Interpol”, escreveu.
Condenação e fuga
Zambelli foi condenada em maio deste ano pelo STF a 10 anos e 8 meses de prisão, acusada de envolvimento em um esquema com o hacker Walter Delgatti Neto. O grupo teria inserido mandados de prisão falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Além da pena de prisão, o Supremo determinou a perda de seu mandato como deputada federal — decisão que ainda precisa ser analisada pela Câmara dos Deputados.
Após a condenação, Zambelli viajou para os Estados Unidos e, posteriormente, se estabeleceu na Itália.
Processo de extradição
Com o nome incluído na lista de procurados da Interpol, o Ministério da Justiça brasileiro solicitou a extradição da parlamentar. Agora, a Justiça italiana tem até 48 horas para validar a prisão e marcar a audiência que vai decidir sobre o pedido.
No entanto, o processo pode ser longo. Como depende das autoridades italianas, a extradição pode levar meses ou até anos para ser concluída.
Zambelli, por sua vez, afirmou após ser presa que deseja ser julgada pela Justiça italiana. Segundo ela, não teve participação na invasão do CNJ e sua condenação se baseou exclusivamente nas declarações de Walter Delgatti, a quem chamou de mentiroso.
Outros processos em andamento
Além da condenação no caso do CNJ, Carla Zambelli também é investigada em dois inquéritos sigilosos que tramitam no STF:
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Inquérito das fake news – apura a divulgação de informações falsas e ataques a ministros do Supremo.
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Inquérito das milícias digitais – investiga possíveis articulações golpistas após as eleições de 2022.
E agora?
Com a prisão confirmada, o Brasil aguarda os próximos passos da Justiça italiana. A decisão sobre extraditar ou não Zambelli será tomada em audiência judicial no país europeu.
Enquanto isso, o caso ganha repercussão internacional e reacende o debate sobre a cooperação entre países para o cumprimento de decisões judiciais e o combate à impunidade de autoridades públicas.