Quando a monarquia italiana chegou ao fim em 1946, após o referendo que deu origem à República Italiana, não foi apenas um capítulo encerrado na história do país. Uma decisão drástica e simbólica foi tomada: os membros masculinos da Casa de Savoia — a antiga família real — foram oficialmente proibidos de retornar à Itália.
Mas afinal, por que só os homens?
O Referendo de 1946 e o Fim da Monarquia
Em junho de 1946, os italianos foram às urnas para decidir entre manter a monarquia ou instaurar uma república. A maioria — especialmente no norte da Itália — votou pelo fim da realeza. Como consequência, o rei Umberto II foi exilado, e a Itália se tornou oficialmente uma república.
Pouco depois, com a entrada em vigor da nova Constituição Italiana em 1948, foi estabelecido o seguinte:
“Os ex-reis da Casa de Savoia, suas consortes e seus descendentes masculinos não poderão entrar no território nacional.”
Esse trecho está nas Disposições Transitórias e Finais da Constituição Italiana, mais precisamente no Artigo XIII.
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Por Que Só os Homens?
A razão principal para essa distinção era política: os homens estavam diretamente ligados à sucessão ao trono, o que os tornava potenciais “ameaças” à estabilidade da nova república. Já as mulheres da família, por tradição dinástica, não estavam na linha direta de sucessão, e por isso não representavam perigo político.
Era uma maneira simbólica de cortar qualquer possibilidade de restauração da monarquia no futuro, afastando quem, teoricamente, poderia reivindicar o trono novamente.
O Exílio e o Retorno
O exílio durou mais de 50 anos. Os Savoia viveram principalmente na Suíça e em Portugal, sem poder sequer visitar o país onde nasceram. Foi apenas em 2002 que uma emenda constitucional retirou a proibição, permitindo que os descendentes retornassem à Itália — mas com uma condição importante:
➡️ Eles deveriam assinar uma declaração renunciando a qualquer direito de retorno ao trono.
No ano seguinte, Vittorio Emanuele di Savoia, filho de Umberto II, pisou em solo italiano novamente, depois de mais de meio século.
Onde a História Ainda Vive: Lugares Para Visitar em Torino
Se você estiver em Torino — a primeira capital do Reino da Itália e berço da Casa de Savoia — vale a pena visitar locais que contam essa história de perto:
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Palazzo Reale di Torino – antiga residência oficial da família Savoia;
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Palazzina di Caccia di Stupinigi – refúgio de caça real e joia do barroco;
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Venaria Reale – um dos maiores complexos reais da Europa, nos moldes de Versailles;
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Museu da Armeria Reale – com armas e armaduras da época dos reis italianos;
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Basílica di Superga – mausoléu de vários membros da família.
Esses lugares contam muito mais que a história de uma família: falam sobre a transformação de um país e de sua identidade.
A exclusão dos homens da Casa de Savoia do território italiano foi uma decisão simbólica, política e estratégica. Ela marcou não apenas o fim da monarquia, mas também o início de uma nova fase para a Itália. Hoje, com a paz entre passado e presente, a família Savoia não detém mais poder político, mas continua a despertar curiosidade — e seus palácios, construções e histórias seguem vivos nas ruas de Torino.