Quando um cardeal é eleito Papa durante o Conclave, uma das primeiras decisões que ele precisa tomar — e talvez a mais simbólica — é qual será o seu novo nome como chefe da Igreja Católica. Essa tradição milenar, que pode parecer curiosa à primeira vista, carrega significados profundos, históricos e espirituais.
A Origem da Tradição
A prática de adotar um novo nome ao se tornar Papa começou oficialmente no ano 533, com o Papa João II. Seu nome de nascimento era Mercúrio — o mesmo de um deus pagão — e, por isso, ele achou impróprio manter esse nome ao assumir o cargo mais alto da Igreja. A partir daí, a tradição foi sendo mantida.
Adotar um novo nome representa uma ruptura com a identidade anterior e o início de uma nova missão: a de ser o sucessor de São Pedro, guiando espiritualmente mais de um bilhão de católicos pelo mundo.
Quando o Nome É Escolhido?
O momento da escolha é logo após a eleição, ainda dentro da Capela Sistina. Assim que um cardeal aceita sua eleição como Papa, ele é perguntado: “Como deseja ser chamado?” — e é nesse instante que ele comunica o nome que escolheu para si.
A partir daí, o novo nome é imediatamente usado quando o cardeal é apresentado à multidão com o famoso anúncio: “Habemus Papam”.
O Que o Nome Revela?
Mais do que uma preferência pessoal, o nome escolhido costuma indicar uma mensagem sobre o estilo de pontificado que o novo Papa pretende conduzir. Alguns exemplos ajudam a ilustrar essa ideia:
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João Paulo I (1978): homenageou os dois papas anteriores, João XXIII e Paulo VI.
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João Paulo II (1978–2005): manteve o nome como forma de continuar o legado de seu antecessor.
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Bento XVI (2005–2013): inspirou-se em Bento XV, Papa durante a Primeira Guerra Mundial, simbolizando desejo de paz e reconciliação.
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Francisco (desde 2013): homenageou São Francisco de Assis, símbolo de simplicidade, pobreza e cuidado com os mais frágeis.
E o Próximo Papa?
Com a saúde de Francisco sendo constantemente vigiada e os debates sobre sucessão já circulando dentro e fora do Vaticano, surge uma nova curiosidade: que nome escolherá o próximo pontífice? A escolha poderá dizer muito sobre os rumos da Igreja no século XXI.
Segundo o especialista em geopolítica do Vaticano, Piero Schiavazzi, o perfil do novo Papa poderá refletir uma Igreja mais global, com possibilidade real de um pontífice vindo da Ásia ou da África. O nome, nesse contexto, poderá carregar tanto referências locais quanto sinais de continuidade ou mudança doutrinária.