Bom… finalmente consegui construir um networking tanto profissional quanto pessoal com italianos e italianas. E vou te contar: é bem diferente do Brasil!
Aqui, a amizade não surge do nada. Diferente do que estamos acostumados no Brasil, onde às vezes uma boa conversa já pode virar amizade, na Itália tudo tem seu ritmo. É preciso tempo, repetição e confiança. Um sorriso na padaria, uma conversa rápida no mercado ou um café com o vizinho são pequenos passos que, com consistência, podem se transformar em laços verdadeiros.
Mas, como toda experiência de vida no exterior, há desafios. Nem sempre é fácil entender quem realmente quer amizade e quem pode apenas estar se aproveitando da sua boa vontade. É preciso atenção, observação e, claro, um pouco de paciência para aprender os códigos culturais e sociais locais.
Frequência é tudo
No Brasil, às vezes uma boa conversa já rende um convite pra um churrasco no fim de semana. Aqui não. A amizade nasce da repetição: ir sempre ao mesmo café, ao mesmo parque, à mesma feira.
De repente, o barista lembra o teu pedido, a senhora do mercado te chama pelo nome e o vizinho começa a parar pra conversar. É assim que as portas se abrem devagar, mas com sinceridade.
O idioma é uma ponte
Mesmo com sotaque e erros, tentar falar italiano muda completamente o jeito que as pessoas te olham. Lembro que, no começo, eu dizia “Sto imparando l’italiano, mi aiuti?” (Estou aprendendo italiano, você me ajuda?) e isso sempre rendia risadas e simpatia.
Eles valorizam o esforço. E quando percebem que você quer se integrar, a relação começa a fluir naturalmente.
Dica importante: muito cuidado com o uso do formal e informal na comunicação. Na Itália, chamar alguém de “tu” de forma prematura ou usar “lei” de forma exagerada pode causar estranheza. Observar o contexto e a maneira como a pessoa se dirige a você faz toda a diferença na hora de criar conexões.
Participar da vida local: Códigos culturais e sociais locais
Uma das melhores coisas que fiz foi começar a frequentar eventos do bairro, aulas de idioma, encontros culturais e até atividades de voluntariado. Nessas situações, o papo acontece com leveza, e a chance de conhecer pessoas com os mesmos interesses é muito maior.
Além disso, é nessas experiências que a gente sente de verdade o que é viver na Itália e não só estar na Itália.
Os italianos não criam laços rápidos. Aqui, amizade é construída no cotidiano: um “buongiorno” hoje, um “come va?” amanhã, e quando você menos espera, já está sendo convidado pra um aperitivo al tramonto com o grupo.
No fim, fazer amigos na Itália é um processo que exige paciência, presença e sensibilidade cultural. Não espere criar laços profundos de imediato amizade aqui leva tempo, mas quando acontece, é verdadeira e duradoura. Diferente do Brasil, onde muitas vezes um encontro casual já pode virar amizade, na Itália a construção é mais lenta, baseada em repetição, confiança e pequenas demonstrações de interesse e respeito ao longo do tempo.
E sim, preciso ser honesta: infelizmente, até os próprios brasileiros que vivem aqui nem sempre criam vínculos fortes com outros conterrâneos. Não sei se a “fama” do jeitinho brasileiro acabou gerando desconfiança, ou se é consequência de experiências ruins, golpes e decepções envolvendo alguns brasileiros, mas a realidade é que nem todo mundo está aberto a criar uma amizade. Por isso, é fundamental ter um parâmetro para avaliar as relações: observar se a pessoa realmente quer amizade, compartilhar momentos e ajudar mutuamente, ou se está apenas tentando tirar vantagem da sua presença ou da sua boa vontade.
Além disso, é importante lembrar que cada amizade aqui tem seu próprio ritmo. Um convite para um café pode significar muito, e o simples fato de alguém se lembrar de você no dia a dia já é um sinal de interesse genuíno. Saber ler essas pequenas pistas é essencial para não se frustrar e para investir tempo e energia nas pessoas certas.