A ideia parece simples e tentadora: comprar uma casa na Itália por apenas 1 euro. Mas será que isso é mesmo uma oportunidade imperdível, ou estamos falando de algo bem mais complexo do que o valor simbólico sugere?
Antes de qualquer decisão, é importante entender como o programa realmente funciona.
Existe uma regulamentação nacional?
Não. Não existe uma lei nacional uniforme que regule a iniciativa das casas de 1 euro na Itália.
Cada município participa de forma autônoma, publicando seus próprios editais (avisos oficiais). Esses editais seguem diretrizes gerais, mas trazem condições específicas relacionadas à vila, ao tipo de imóvel e aos objetivos locais como repovoamento, recuperação urbana ou valorização histórica.
Por isso, as regras podem variar bastante de uma cidade para outra.
Onde encontrar informações confiáveis?
O caminho mais seguro é sempre o mesmo:
- Entrar em contato diretamente com os escritórios municipais (Comune) da localidade onde você pretende comprar;
- Ou acessar o site oficial do município e baixar o Aviso Oficial relativo ao projeto.
É nesse documento que estarão descritos todos os requisitos, prazos, obrigações e custos envolvidos.
Atenção: não custa apenas 1 euro
Esse é um dos pontos mais importantes e mais mal interpretados.
O valor de 1 euro é simbólico. Além dele, o interessado normalmente precisa:
- Assumir um compromisso formal de reforma do imóvel;
- Apresentar um projeto de renovação dentro de um prazo determinado;
- Concluir as obras dentro do período estipulado pelo município;
- Depositar uma caução (valor que pode variar de alguns milhares de euros);
- Arcar com custos de escritura, impostos, taxas administrativas e obras.
Ou seja: o investimento real pode facilmente chegar a um lance de 30 a 80 mil euros, dependendo do estado do imóvel.
Cuidado com notícias sensacionalistas e intermediários
É fundamental ter cautela com:
- Manchetes que prometem “casa na Itália por 1 euro sem burocracia”;
- Intermediários que tentam empurrar a ideia como um negócio simples ou garantido;
- Ofertas que não estejam vinculadas a um edital oficial do município.
O programa existe, é legítimo, mas envolve um processo rigoroso, burocrático e técnico. Não é para todos e definitivamente não é imediato.
Então, vale a pena?
Depende do seu objetivo.
Para o interessado, isso significa assumir riscos, custos elevados de reforma, burocracia italiana, prazos rígidos e pouca margem para improviso. Não é um atalho para morar na Itália, nem uma forma rápida de investimento imobiliário.
Pode fazer sentido apenas para quem:
- Tem capital disponível para obras e imprevistos;
- Entende que o retorno não é imediato;
- Aceita lidar com processos técnicos, autorizações e profissionais locais;
- Enxerga o imóvel como um projeto, não como uma pechincha.
Para todos os outros, a ideia costuma ser mais atraente no título da notícia do que na prática.
Mais do que perguntar se a casa custa 1 euro, a pergunta correta é: quanto tempo, dinheiro e energia você está disposto a investir?































