Comprar uma casa por 1 euro pode parecer um negócio milagroso, mas essa modalidade tem regras e custos que exigem atenção. Em muitos municípios italianos, especialmente em pequenos centros em risco de despovoamento, as administrações oferecem imóveis por preço simbólico para atrair moradores e revitalizar a economia local. Entretanto, trata‑se de imóveis frequentemente em más condições, que demandam intervenções profundas.
A maioria dos imóveis ofertados por esse valor são propriedades que os donos preferem transferir a terceiros para evitar impostos e encargos. São, em geral, edifícios degradados ou mesmo perigosos, muitos construídos nas décadas de 1980 e 1990, e que precisam de obras significativas de recuperação.
O contexto europeu explica a emergência dessas iniciativas: desde 2013, os preços das moradias na UE subiram mais de 60%, superando a evolução dos rendimentos e tornando o acesso à habitação mais difícil para inúmeras famílias. No mesmo período, os aluguéis médios aumentaram cerca de 20% e a demanda por moradias tende a crescer em mais de dois milhões de unidades por ano, sobretudo nas zonas urbanas. Ao mesmo tempo, as licenças de construção caíram mais de 20% desde 2021, e o fenômeno dos aluguéis de curta duração cresceu quase 93% entre 2018 e 2024.
As regras e incentivos variam conforme o município, mas existem exigências recorrentes que quem pretende comprar uma casa a 1 euro precisa conhecer:
- Obrigatoriedade de estabelecer residência no município onde está o imóvel;
- Compromisso de pagar e realizar a ristrutturazione completa (reforma integral) do imóvel;
- Vedação de vender a propriedade por, normalmente, pelo menos 5 anos após a compra;
- Responsabilidade por custos administrativos, como despesas notariais, registros, transferências de titularidade e cadastramento;
- Obrigação de iniciar as obras dentro do prazo definido pelo município, sob pena de perder o benefício ou a posse do imóvel.
Para garantir que o comprador cumpra efetivamente o compromisso de reforma, muitos municípios exigem a contratação de uma polizza fideiussoria (fiança bancária ou seguro‑garantia) — geralmente entre €1.000 e €5.000. Essa garantia é liberada ao término das obras, que costuma ter prazo de conclusão em torno de três anos.
Além das obrigações citadas, é prudente considerar despesas extras: projetos arquitetônicos, possíveis adequações a normas de segurança, custos de mão de obra e materiais. Por isso, antes de assinar qualquer ato, recomenda‑se consultar um notário e orçar os serviços com empresas de construção locais para dimensionar corretamente o investimento necessário.
Comprar uma casa por 1 euro pode representar uma oportunidade concreta para quem busca morar em ambientes tranquilos ou investir em turismo rural e pequenas atividades comerciais, mas não é isento de riscos e requer planejamento financeiro e legal. Avalie a situação do imóvel, os prazos e as garantias exigidas pelo município e organize um projeto de obra viável antes do fechamento do negócio.
Resumo das principais obrigações: residir no município, reformar integralmente, não vender por 5 anos, arcar com taxas e iniciar obras no prazo; possível exigência de póliza garantia entre €1.000 e €5.000.



























