Nos últimos anos, a Itália tem visto um aumento alarmante no número de suicídios entre estudantes universitários. O fenômeno tem ganhado destaque devido aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (ISTAT), que revelam um aumento significativo no número de suicídios entre jovens, particularmente aqueles com menos de 24 anos. A pressão acadêmica, social e emocional tem se mostrado um peso insustentável para muitos, levando a tragédias que poderiam ser evitadas.
Em 2021, os números indicaram um aumento de 16% nos suicídios entre jovens de 15 a 34 anos em comparação ao ano anterior. Desses casos, uma parte significativa envolve estudantes universitários. Isso reflete um problema crescente: o sistema universitário, com suas expectativas irreais e a pressão para se alcançar a excelência a todo custo, está colocando em risco a saúde mental dos alunos.
O Sistema Universitário e a Pressão Implacável
Para escapar dessa pressão, muitos estudantes universitários adotam uma estratégia perigosa: a mentira. Eles mentem sobre suas notas, sobre o cumprimento de prazos e sobre o seu progresso acadêmico, tudo para evitar julgamentos e alívio imediato. No entanto, essa estratégia apenas acumula mais angústia e gera um peso emocional cada vez mais insustentável. Quando a verdade vem à tona, a pressão se torna ainda mais avassaladora, muitas vezes levando a uma tragédia.
Um caso amplamente noticiado foi o de uma estudante que, diante da pressão insuportável, cometeu suicídio em 2023. Seus colegas, profundamente afetados pela perda, escreveram uma carta aberta onde expressaram seu desespero. “Somos constantemente solicitados a buscar a excelência, ensinados que nosso valor depende única e exclusivamente de nossas notas. Este sistema acadêmico continua e continuará a matar”, diziam. Um grito de socorro não ouvido.
A Falta de Suporte: Uma Triste Realidade
Especialistas e associações de saúde mental denunciam a deterioração da saúde psicológica dos estudantes universitários, causada pela falta de suporte adequado no sistema educacional. Os serviços de aconselhamento nas universidades são insuficientes para atender às reais necessidades dos alunos. Além disso, a falta de recursos e a sobrecarga de trabalho geram um ambiente tóxico onde o estresse, a ansiedade e a depressão são frequentemente ignorados ou mal tratados.
A pressão para alcançar uma “excelência acadêmica” não apenas sobrecarrega os estudantes, mas também lhes nega a oportunidade de um desenvolvimento pessoal saudável. Cada pessoa tem um ritmo próprio, e impor um único padrão de sucesso é não apenas injusto, mas profundamente prejudicial para a saúde mental dos jovens.
O Falso Mito do Sucesso a Todo Custo
A crescente competitividade nas universidades e a pressão constante para se formar rapidamente, com altas notas, conseguir um bom emprego e alcançar um “sucesso” rápido, cria uma ilusão de que a vida deve seguir uma linha reta e predefinida. No entanto, a realidade é bem diferente. O sucesso não é uma jornada única para todos. O verdadeiro sucesso é o crescimento pessoal, a perseverança diante das dificuldades e a busca por realização e bem-estar, não pelo cumprimento de expectativas externas.
Alunos não são números ou máquinas programadas para alcançar resultados em um tempo determinado. Cada estudante tem sua própria jornada, suas próprias dificuldades e ritmos. A pressão para se formar no tempo “certo” e alcançar os padrões estabelecidos pela sociedade gera uma carga emocional imensa, tornando o ambiente universitário um campo fértil para a ansiedade, a depressão e outras condições psicológicas graves.
Um Grito de Socorro Não Ouvido
Após a trágica morte de uma estudante em Milão, seus colegas escreveram uma carta que ressoou com muitas outras experiências semelhantes:
“Somos constantemente solicitados a buscar a excelência. Nosso valor é medido pelas notas, e não pela nossa saúde mental ou pelo nosso crescimento pessoal. Este sistema universitário continua a matar. Precisamos de mais prevenção, precisamos de um sistema acadêmico que nos ensine que somos pessoas, não números.”
Essas palavras duras, mas sinceras, deveriam ser um chamado para a ação. É hora de revermos a pressão insustentável colocada sobre os estudantes universitários e começarmos a trabalhar por um sistema educacional mais inclusivo e empático, que priorize o bem-estar emocional e psicológico dos alunos.
A Necessidade de Uma Mudança no Sistema Universitário
Especialistas em saúde mental, assim como associações de estudantes, têm feito apelos para a transformação do sistema universitário. A saúde mental deve ser uma prioridade dentro do ambiente acadêmico, com serviços de apoio psicológico amplamente acessíveis e eficazes. Além disso, as universidades devem adotar práticas que incentivem o bem-estar dos alunos, promovendo um ambiente de aprendizado saudável e livre de pressões excessivas.
As universidades têm o poder de mudar a narrativa do sucesso acadêmico, focando mais na construção de uma trajetória pessoal única, respeitando os tempos e as dificuldades de cada aluno. O sistema educacional precisa de uma reforma profunda, que envolva o acolhimento e o suporte psicológico, especialmente para aqueles que enfrentam problemas emocionais e psicológicos.
Conclusão: A Importância de Humanizar a Educação
É urgente que a sociedade e as instituições educacionais compreendam que os estudantes não são apenas números ou méritos acadêmicos. São seres humanos com histórias, desafios e dificuldades próprios. O verdadeiro sucesso acadêmico não deve ser medido apenas por diplomas e prazos, mas pela saúde mental e pelo bem-estar dos alunos durante sua jornada educacional.
É preciso construir um sistema de apoio real, que não sobrecarregue os alunos com expectativas irrealistas, mas que os ajude a crescer, aprender e se sentir valorizados como indivíduos. A prevenção ao suicídio entre universitários é uma questão urgente e que depende de ações concretas para transformar a educação superior em um espaço mais acolhedor e seguro para todos.
A verdadeira mudança precisa começar agora, pois o peso do sucesso a qualquer custo está se tornando insuportável.