Mais de 6% dos adultos italianos e 9% dos maiores de 65 anos apresentam sintomas de depressão, segundo os novos dados divulgados pelo Istituto Superiore di Sanità (ISS) no Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1992, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre os problemas de saúde mental em todo o mundo e promover esforços para melhorar o bem-estar psicológico das populações.
Os números, baseados nos sistemas de vigilância Passi e Passi d’Argento, mostram que a saúde mental continua sendo um dos principais desafios sociais do país.
De acordo com o ISS, desde o início da pandemia, houve um aumento de 20% nas internações psiquiátricas, revelando que o impacto emocional da crise sanitária ainda é sentido de forma profunda.
Na Europa, segundo a OCDE, 20% da população apresenta sintomas leves a moderados de depressão ou ansiedade um dado que posiciona a Itália dentro da média continental.
Quem mais sofre com a depressão na Itália
Os sintomas depressivos são mais frequentes entre as mulheres (7%), entre pessoas com baixa escolaridade (11%), insegurança laboral (8%) e dificuldades econômicas (18%).
Entre aqueles que relatam grandes dificuldades financeiras, a taxa sobe para 25%, indicando uma forte correlação entre condições de vida e bem-estar psicológico.
O estudo também mostra que 1 em cada 20 italianos percebe seu bem-estar mental como prejudicado por quase 16 dias ao mês, um reflexo direto das pressões do cotidiano e do isolamento social vivenciado nos últimos anos.
Idosos italianos: O grupo mais vulnerável
Entre os maiores de 65 anos, os índices são ainda mais preocupantes.
Cerca de 9% relatam sintomas depressivos, que se estendem em média por 17 dias ao mês. Após os 85 anos, essa taxa sobe para 13%.
As mulheres continuam sendo as mais afetadas: 12% delas enfrentam sintomas, contra 5% dos homens.
O cenário é agravado pela solidão e por condições econômicas precárias 25% dos idosos com dificuldades financeiras relatam depressão, em contraste com 6% daqueles que vivem com estabilidade.
A baixa escolaridade também aparece como fator de risco, com 12% de incidência entre quem cursou apenas o ensino primário.
A falta de ajuda e o estigma persistente
Um dos dados mais alarmantes do relatório é que 23% das pessoas com sintomas depressivos não procuram ajuda médica ou psicológica.
Entre os que buscam algum tipo de apoio, 26% recorrem apenas a familiares ou amigos, o que mostra que o estigma em torno da saúde mental ainda é um obstáculo significativo na Itália.
Segundo especialistas do ISS, é fundamental promover o diálogo sobre saúde mental e ampliar o acesso aos serviços públicos, especialmente entre os grupos mais vulneráveis idosos, mulheres e pessoas em situação de fragilidade econômica.
O Dia Mundial da Saúde Mental é mais do que uma data simbólica.
Ele lembra que a depressão e a ansiedade não são apenas condições médicas, mas também reflexos de um contexto social, econômico e cultural.
Enquanto a Itália celebra avanços na área da saúde, os números mostram que o bem-estar emocional ainda precisa ocupar um espaço central nas políticas públicas.
Cuidar da mente é, mais do que nunca, cuidar da vida.