O mercado de trabalho italiano está aquecido, mas extremamente desigual entre setores, regiões e níveis de qualificação, o que torna essencial olhar para cada grupo de profissões separadamente. A seguir, estão os setores e perfis profissionais mais relevantes com números reais de salário, regiões com mais oportunidades, principais exigências e nível de italiano normalmente pedido entre 2023 e 2026.
Panorama geral de salários e regiões
Em 2023 o salário médio bruto anual na Itália foi de cerca de 30.800 €, com o setor financeiro/bancário acima de 47.000 € e a agricultura entre os piores níveis de remuneração. Estudos europeus indicam que o salário líquido médio mensal ronda algo entre 1.550 € e pouco mais de 2.000 €, dependendo da fonte e da metodologia (média nacional vs. trabalhador a tempo integral).
O Norte e parte do Centro (por exemplo, Trentino‑Alto Ádige, Lombardia, Emilia‑Romagna, Vêneto, Toscana) apresentam as taxas de emprego mais altas, enquanto regiões do Sul como Campânia, Calábria e Sicília têm as menores taxas de emprego de toda a União Europeia. A indústria (manufatura, mineração, energia) é o maior empregador do país, com cerca de 4,75 milhões de trabalhadores em 2023, seguida por educação e saúde, que juntas empregam cerca de 3,6 milhões de pessoas.
Profissões de alta qualificação (TI, engenharia, finanças)
Profissionais de TI e engenharia estão entre os mais procurados, com carência especialmente forte de perfis STEM (tecnologia, engenharia, matemática) em várias regiões italianas. Em média, engenheiros e profissionais de TI costumam ganhar bem acima da média nacional, com salários anuais que frequentemente se situam na faixa de 30.000 € a 60.000 € ou mais em empresas competitivas, dependendo de experiência e cidade.
- Um engenheiro de software ou desenvolvedor pode ganhar em torno de 30.000 € a 60.000 € por ano, com estimativas de algumas fontes apontando média em torno de 45.000 €–47.000 €, aumentando conforme os anos de experiência. As cidades com maiores faixas para TI incluem Roma, Milão, Turim, Bolonha e outras capitais regionais.
- As regiões com maior presença de empregos de alta qualificação (TI, engenharia, serviços avançados) incluem Lácio (onde está Roma) e várias regiões do Norte, onde a participação de empregos altamente qualificados supera a de média e baixa qualificação. Nestes locais, a combinação de indústria tecnológica, serviços financeiros e grandes empresas aumenta a oferta de vagas para profissionais qualificados.
- No setor financeiro e bancário, os salários médios anuais superam 47.000 €, tornando-o o grupo de profissões mais bem pago em termos médios setoriais na Itália, com forte concentração em Milão e outras cidades da Lombardia. Em muitas funções corporativas e tecnológicas internacionais, o inglês pode ser suficiente para trabalhar, embora falar italiano em nível pelo menos B1–B2 aumente muito as chances de contratação e integração.
Em termos de exigências, formação universitária (laurea ou master) é praticamente obrigatória para TI avançada, engenharia e finanças, e muitas empresas pedem experiência prévia ou estágios em contexto europeu. Para não europeus, além da qualificação, é necessário visto de trabalho e permesso di soggiorno para fins de trabalho, que só podem ser obtidos com uma oferta formal de emprego dentro das cotas de imigração.
Saúde, enfermagem e cuidados
Saúde e educação estão entre os maiores empregadores, com cerca de 3,6 milhões de pessoas trabalhando nesses setores em 2023, o que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, cuidadores, professores e pessoal de apoio. O envelhecimento populacional e a recuperação pós‑pandemia reforçaram a demanda por enfermeiros, cuidadores de idosos e outros perfis de saúde, tanto em hospitais quanto em estruturas privadas e lares de idosos.
- Um enfermeiro na Itália ganha em média cerca de 39.000 € brutos por ano (algo em torno de 3.250 € mensais), com salários de entrada na faixa de 19.000 € anuais e profissionais experientes ou especializados podendo chegar a cerca de 58.000 € por ano. Outras estimativas internacionais apontam faixas típicas de 38.000 € a mais de 66.000 € para enfermeiros registrados, dependendo de região, tipo de instituição e senioridade.
- Por concentrar mais hospitais grandes, centros universitários e estruturas especializadas, o Norte e parte do Centro (como Lombardia, Emilia‑Romagna, Vêneto e Lácio) tendem a oferecer mais oportunidades em saúde do que regiões com níveis de emprego muito baixos no Sul. Ainda assim, há procura por enfermeiros e cuidadores em todo o território, especialmente em áreas com população idosa elevada.
- Para atuar como enfermeiro ou médico com diploma estrangeiro, é necessária a equivalência de título e registro no órgão profissional italiano, o que pode exigir tradução juramentada, comprovação de carga horária e eventualmente exames ou estágios de adaptação. Na prática, exige‑se italiano pelo menos em nível B2 para lidar com pacientes, prontuários e protocolos, e alguns concursos ou contratos públicos podem pedir certificação oficial (como CELI, CILS ou PLIDA).
Cuidadores de idosos, auxiliares de enfermagem e trabalhadores em casas de repouso muitas vezes recebem salários mais baixos que enfermeiros, mas ainda assim superiores aos de setores como agricultura, com variação forte entre contratos formais e situações irregulares. Mesmo nesses cargos, o domínio funcional do italiano (B1) é essencial para entender instruções médicas e se comunicar com famílias e pacientes vulneráveis.
Turismo, hotelaria e restauração
O turismo é um dos pilares da economia italiana, responsável por cerca de um em cada oito empregos e por quase 3 milhões de postos de trabalho ligados diretamente a viagens e hospitalidade em 2023. O setor continua em expansão, com previsão de criação de mais 100.000 empregos ligados ao turismo em 2024, impulsionado pela retomada do fluxo internacional e por gastos recordes de visitantes.
- Em termos regionais, o gasto de turistas estrangeiros concentra‑se sobretudo na Lombardia (Milão), Lácio (Roma), Vêneto (Veneza) e Toscana (Florença e cidades de arte), que são também os principais polos de emprego em hotelaria, restaurantes, guias, transporte turístico e eventos. Outras regiões, como Emilia‑Romagna, Trentino‑Alto Ádige, Campânia e Abruzzo, destacam‑se em nichos como turismo de praia, natureza, esportes e turismo “verde”, gerando demanda sazonal e anual.
- Para funções como garçom, barman ou atendente de restaurante, a remuneração costuma ser calculada por hora, com média de cerca de 7,5 € a 10 € por hora, o que leva a algo em torno de 15.000 € a pouco mais de 21.000 € brutos por ano para jornadas integrais, sem contar gorjetas. Em média, empregos em catering, hotelaria e atendimento ao cliente permanecem próximos da base da distribuição salarial italiana, abaixo de 25.000 € brutos anuais.
- Italianos e estrangeiros que trabalham “de frente para o público” em hotéis, bares, restaurantes, agências de viagem e atrações turísticas precisam de italiano fluente (B1–B2) e geralmente também de inglês, e outros idiomas são um diferencial em destinos muito internacionais. Em algumas funções de apoio em grandes destinos turísticos (como cozinha, limpeza ou back‑office), o italiano em nível A2–B1 pode ser suficiente se o contato com o público for mínimo.
Este setor é relativamente aberto a estrangeiros, inclusive com pouca experiência formal, mas a alta sazonalidade faz com que muitos contratos sejam de duração limitada ou temporária, especialmente em regiões costeiras ou cidades muito turísticas. Para não europeus, continua valendo a necessidade de visto de trabalho específico e contrato regular para evitar situações de exploração.
Indústria, logística, construção e agricultura
A indústria (manufatura, energia, mineração) é o maior empregador da Itália, com cerca de 4,75 milhões de trabalhadores, e inclui profissões como operários especializados, técnicos de produção, trabalhadores de logística, operadores de máquinas e técnicos de manutenção. Ao longo de 2023 e 2024, o emprego industrial e na construção cresceu em várias regiões, com destaque para o Norte e algumas áreas do Sul onde construção e serviços impulsionaram a atividade econômica.
- Em média, salários em transporte, manufatura e logística giram em torno de 22.000 € a 26.000 € brutos anuais para funções básicas, com valores mais altos para técnicos, soldadores especializados, eletricistas industriais e operadores qualificados. A dificuldade em encontrar mão de obra qualificada em alguns perfis técnicos faz com que certas regiões industriais do Norte apresentem mercados de trabalho mais “apertados”, com mais vagas por trabalhador disponível.
- A agricultura representa hoje apenas cerca de 3,6% do emprego total, mas ainda oferece muitas posições sazonais em colheitas, viticultura e agroindústria, muitas vezes com salários mais próximos do piso legal e condições fisicamente exigentes. Dada a natureza sazonal e frequentemente informal de parte desse trabalho, estrangeiros podem encontrar oportunidades mesmo com italiano limitado (A2), embora isso aumente o risco de contratos precários e exploração.
- Regiões do Norte e Centro costumam concentrar mais empregos industriais e de média qualificação, enquanto várias regiões do Sul apresentam maior participação de empregos de baixa qualificação e maiores taxas de desemprego, o que reflete uma forte disparidade territorial no mercado de trabalho. Em termos linguísticos, funções de fábrica, construção e campo exigem principalmente italiano funcional para entender instruções de segurança e trabalho em equipe, o que normalmente corresponde a A2–B1, embora supervisores e técnicos precisem de competência maior.
No conjunto, os dados atuais mostram que quem tem qualificação técnica ou universitária, experiência e um bom nível de italiano (e em muitos casos inglês) tende a encontrar melhores salários e mais oportunidades nas regiões do Norte e em grandes áreas metropolitanas como Roma e Milão. Já para perfis com baixa qualificação ou italiano fraco, as opções se concentram em setores como agricultura sazonal, parte da hotelaria e algumas funções operacionais, geralmente com rendas próximas da base da distribuição salarial e maior precariedade contratual.
Como variam os salários médios por região e setor na Itália
Os salários na Itália variam bastante tanto entre regiões quanto entre setores: em geral, o Norte e parte do Centro pagam mais, e setores como finanças, indústria e tecnologia pagam significativamente acima da média nacional, enquanto agricultura, serviços básicos e hotelaria ficam na base. Essa combinação gera um “duplo desnível”: quem trabalha em setores bem pagos no Norte tende a ter os melhores rendimentos do país, enquanto setores mal remunerados no Sul concentram muitos dos salários mais baixos.
Diferenças regionais de salário
Em 2024, a média salarial bruta anual no país ficou em torno de 33.000 €, mas com fortes variações territoriais. A região mais bem paga foi a Lombardia, com cerca de 33.000 € brutos por ano, seguida de perto por Trentino‑Alto Ádige e depois Lácio (onde está Roma), enquanto regiões do Sul como Basilicata e outras do Mezzogiorno ficaram em torno de 28.000 €–29.000 €, quase 7.000 € abaixo da Lombardia.
De forma geral, as regiões do Norte (Lombardia, Piemonte, Vêneto, Emilia‑Romagna, Trentino‑Alto Ádige) e parte do Centro concentram salários mais altos, maior presença de empregos qualificados e menores taxas de desemprego. Já o Sul e as ilhas (Campânia, Calábria, Sicília, Sardenha, Basilicata) apresentam maior peso de empregos de baixa remuneração, mais informalidade e taxas de emprego entre as mais baixas de toda a União Europeia, o que mantém a diferença Norte–Sul muito marcada.
Diferenças setoriais de salário
Entre os setores, os dados recentes mostram que os maiores salários médios anuais estão em serviços financeiros e bancários, com cerca de 47.900 € brutos por ano, seguidos por atividades como seguros, indústria de transformação e algumas áreas de tecnologia e engenharia. No outro extremo, agricultura, silvicultura e pesca aparecem como os setores com menores remunerações médias, e hospedagem e alimentação também apresentam custos de trabalho por hora bem abaixo da média nacional.
Informações de mercado de trabalho indicam que setores intensivos em capital e qualificação (finanças, energia, mineração, indústria avançada, TI) pagam bem acima da média nacional, enquanto setores intensivos em mão de obra pouco qualificada (administração de apoio, comércio básico, parte dos serviços pessoais) ficam próximos ou abaixo da média. Além disso, mesmo dentro de cada setor há diferenças importantes ligadas ao tipo de empresa: unidades sob controle público (por exemplo, certas estatais ou órgãos públicos) pagam em média mais de 39.000 € anuais, contra cerca de 36.000 € em unidades predominantemente privadas.
Combinação região + setor
Na prática, o “prêmio salarial” é maior quando se combina setor bem pago em região rica: por exemplo, finanças, TI, engenharia e serviços corporativos em cidades como Milão, Roma ou Turim tendem a oferecer alguns dos salários mais elevados do país. Por outro lado, alguém empregado em setores de baixa remuneração (agricultura, parte da hotelaria, serviços de apoio) em regiões do Sul provavelmente estará bem abaixo da média nacional tanto em salário anual quanto em qualidade do posto de trabalho.
Estudos de qualidade do emprego mostram que, nas últimas décadas, o Centro‑Norte criou mais empregos em setores e ocupações de melhor remuneração, enquanto, no Sul, a expansão esteve concentrada em atividades mais tradicionais e de menor salário, ampliando a diferença média de qualidade dos empregos entre as duas macro‑áreas. Mesmo assim, o custo de vida costuma ser mais alto no Norte e nas grandes cidades, de modo que parte da diferença de salário é compensada por despesas maiores com moradia e serviços.
Como gênero e idade afetam a média salarial por região
Gênero e idade influenciam muito quanto se ganha na Itália, e esses efeitos mudam de intensidade conforme a região. Mulheres ganham, em média, menos por hora e por ano que homens, e jovens ganham bem menos que trabalhadores acima de 50 anos, com desvantagens maiores no Sul e nas Ilhas.
Diferenças de gênero no salário
Segundo o levantamento estrutural de rendimentos da Istat (SES 2022), a média de ganho horário foi de 16,8 € para homens e 15,9 € para mulheres, o que implica um gender pay gap de cerca de 5,6% no conjunto da economia formal (empresas com 10+ empregados. Em termos anuais, isso se traduz em uma diferença de cerca de 6.000 € por ano: homens receberam em média perto de 39.982 €, enquanto mulheres ficaram por volta de 33.807 € em 2022.
Esse diferencial aumenta nos cargos mais qualificados: o gap passa de cerca de 5–6% na média para mais de 16% entre pessoas com ensino superior completo e acima de 30% entre gerentes, onde a presença feminina é menor. Estudos recentes mostram ainda que grande parte da diferença vem de fatores “indiretos”, como maior incidência de trabalho em tempo parcial entre mulheres (especialmente no Sul e nas Ilhas), menor número de horas pagas ao longo do ano e concentração feminina em setores de remuneração mais baixa.
Diferenças regionais por gênero
As estatísticas da Istat indicam que o número médio de horas pagas por ano é menor para mulheres do que para homens em todas as macro‑regiões, mas o “buraco” é mais profundo no Mezzogiorno (Sul e Ilhas). No Norte‑Oeste e Centro, o gap de horas pagas (e, portanto, de salário anual) é menor que a média nacional, enquanto no Sul e nas Ilhas ele é maior, reforçado por maior taxa de emprego parcial e intermitente entre mulheres.
Além disso, a taxa de emprego feminina no Sul é dramaticamente mais baixa que no Norte e Centro, o que significa que, mesmo onde as mulheres empregadas ganham relativamente próximo dos homens por hora, muitas outras nem chegam a estar em empregos formais. Na prática, isso faz com que o “poder de renda” das mulheres no Sul seja bem inferior ao das mulheres do Norte, não só por salário médio mais baixo na região, mas sobretudo por menor participação no mercado de trabalho.
Efeito da idade nos salários
A idade também pesa muito: a pesquisa de rendimentos da Istat mostra que trabalhadores com menos de 30 anos recebem, em média, 11,9 € por hora, enquanto os acima de 50 anos chegam a 18,7 € por hora, ou seja, os jovens ganham cerca de 36% menos por hora que os mais velhos. Dados agregados de renda anual apontam uma progressão clara: cerca de 24.500 € brutos por ano entre 15–24 anos, 27.000 € entre 25–34, quase 29.800 € entre 35–44, 31.900 € entre 45–54 e acima de 34.000 € anuais entre 55–64 anos.
Relatórios internacionais observam que, na Itália, os maiores ganhos vêm justamente na faixa 55–64, e que a renda dos mais velhos cresceu mais rápido do que a dos jovens de 25–34 nos últimos anos. Isso se combina com a estrutura regional: no Sul, jovens enfrentam mais desemprego, contratos temporários e salários baixos, enquanto no Norte idosos qualificados e com carreira estável capturam maior parte dos salários altos, ampliando os contrastes entre gerações e territórios.






























