RESUMO
Sem tempo? A Lili IA resume para você
O relatório anual da Comissão Europeia sobre tendências salariais traz uma boa notícia para o conjunto da União Europeia: o mercado de trabalho mostra avanços em termos de qualidade do emprego e aumento dos salários reais. No entanto, a Itália permanece entre os piores desempenhos do bloco, ocupando o penúltimo lugar entre os 27 países em termos de reajuste salarial e valorização profissional.
Salários italianos ainda abaixo do nível pré-pandemia
De acordo com o relatório, os salários na Itália caíram 4,4% desde 2019, e a previsão é que essa queda se reduza apenas para -3,3% até o final de 2025 um desempenho ainda insuficiente para recuperar o poder de compra perdido com a pandemia.
A situação coloca o país à frente apenas da República Tcheca, que, apesar de também enfrentar queda salarial, mostra sinais mais claros de recuperação.
Enquanto isso, um terço dos Estados-membros da UE já apresenta salários reais acima dos níveis pré-pandemia, especialmente países como Luxemburgo e Irlanda, que se destacam por sua alta produtividade e proporção de empregos bem remunerados 27,6% e 16,3%, respectivamente.
Na outra ponta, Grécia, Itália e Romênia apresentam as menores proporções de empregos de alta remuneração, com 5,8%, 6,5% e 7,4%.
A crise do poder de compra e a resposta de Bruxelas
A vice-presidente executiva para Direitos Sociais da Comissão Europeia, Roxana Minzatu, destacou que, apesar dos avanços gerais, ainda há desafios significativos:
“Precisamos fazer mais para aumentar o poder de compra dos trabalhadores e ajudar a enfrentar a crise do custo de vida.”
O apelo da comissária é válido para toda a União Europeia, mas especialmente urgente no caso italiano, onde o crescimento salarial continua travado por baixa produtividade, alto custo de vida e falta de valorização profissional.
Competitividade baseada em qualidade, não em baixos salários
Minzatu defendeu também uma mudança de mentalidade empresarial. Segundo ela, os países que apostam em salários mais dignos e inovação tendem a crescer de forma mais sustentável:
“Embora salários mais altos possam aumentar a produtividade, motivando os trabalhadores e incentivando as empresas a inovar, é crucial que as empresas compitam com base na qualidade do produto e não em custos baixos.”
A mensagem é clara: a Itália precisa repensar seu modelo de competitividade, que há anos se apoia em setores de baixo valor agregado e margens reduzidas.
O relatório europeu confirma o que economistas italianos vêm alertando há anos a erosão do poder de compra e o atraso na valorização salarial não são apenas um problema econômico, mas também social e estrutural.
Com a recuperação salarial ainda distante, o desafio da Itália será equilibrar produtividade, inovação e qualidade do emprego, para não se distanciar ainda mais da média europeia.