Sou suspeita para falar, porque adoro séries que envolvem cultura, viagens e esse choque delicioso de mundos diferentes. E Emily in Paris entrega exatamente isso desde o primeiro episódio.
A série, que estreou em 2020, acompanha uma jovem americana que se muda para a Europa sem falar o idioma local e sem entender, de fato, como funcionam as relações culturais e profissionais fora do seu país. E é aí que mora o charme e também os tropeços.
Ao longo dos episódios, Emily in Paris traz alguns aspectos importantes que valem ser observados, como a dificuldade de se adaptar a uma nova cultura, o impacto da comunicação no ambiente de trabalho e, principalmente, o desafio de aprender um novo idioma enquanto a vida acontece. Emily erra, se frustra, improvisa e aprende muitas vezes do jeito mais caótico possível.
Mesmo com uma abordagem leve e romantizada, a série toca em pontos reais para quem já viveu ou sonha em viver fora: a sensação de não pertencer, os mal-entendidos culturais, a pressão por desempenho e aquela mistura de empolgação com insegurança que acompanha qualquer mudança grande.
Claro, Emily in Paris não é um retrato fiel da realidade europeia e nem se propõe a ser. Mas funciona como uma vitrine pop para temas que são muito reais: idioma, adaptação cultural, trabalho em outro país e identidade. E talvez seja por isso que, mesmo com tantas críticas, ela continue despertando conversa, identificação e curiosidade sobre o mundo além do próprio país.
Conhecida pelo visual marcante e cenários icônicos, Emily in Paris também recebe críticas por simplificar culturas europeias e recorrer a estereótipos, especialmente ao retratar costumes franceses e italianos.
E a 5ª temporada de Emily in Paris trouxe exatamente isso, com uma novidade: agora Emily não fica só em Paris, ela também explora Roma e, claro, não faltam cenas icônicas e exageros culturais.
Vamos começar pela cena dos beijos no rosto. Haha, impossível esquecer! Três beijinhos de cumprimento em cada encontro? Muito icônico para a série, mas na vida real, nem sempre os italianos beijam três vezes, e geralmente depende do contexto e da intimidade entre as pessoas. Então, Emily exagerou um pouquinho e nós adoramos assistir.
3 equívocos culturais retratados na 5ª temporada de Emily in Paris
Mas, além da comédia romântica, a temporada também comete alguns deslizes culturais clássicos:
1 – Roma só como ponto turístico e comida perfeita a qualquer hora
A série mostra a cidade quase exclusivamente pelos seus ícones turísticos: Coliseu, Fontana di Trevi, Trastevere… lindos, mas isso ignora completamente a vida cotidiana dos romanos, o trânsito caótico, as pequenas lojas, os mercados locais e o ritmo real das ruas. E não para por aí: a comida italiana aparece impecável o tempo todo. Emily parece provar pizza, massas e gelato em qualquer hora do dia, como se não houvesse regras ou tradições de preparo. Na vida real, a culinária italiana é quase sagrada e cada região tem seus horários, receitas e rituais específicos.
2 – Emily se vira como se fosse mágica sem falar italiano
Outro exagero clássico: Emily consegue se comunicar perfeitamente com todos ao seu redor, mesmo sem falar italiano fluentemente. Todos os personagens italianos falam inglês impecável e entendem cada nuance de suas ideias. Na realidade, muita coisa no dia a dia exigiria mais esforço, gestos e paciência, e não seria tão simples lidar com burocracia, restaurantes ou relações profissionais sem dominar o idioma local.
3 – Drama exagerado e o estereótipo do italiano sedutor
Cada cena reforça aquele clichê de que os italianos são dramáticos, intensos e naturalmente sedutores. Os encontros românticos, discussões de trabalho e até cumprimentos ganham tons exagerados para efeito de comédia. Na vida real, claro, nem todo italiano age assim, existem diferenças enormes entre regiões, e a intensidade mostrada na série é mais fruto do roteiro do que da realidade.
Mesmo assim, é impossível não se encantar com Roma, seus cenários icônicos e as trapalhadas da Emily. A série exagera? Sim. Mas também nos lembra do charme e das confusões de viver em outro país, aprender um novo idioma e se adaptar a costumes diferentes, tudo ao mesmo tempo.
Entre tradições, humor local e um ritmo que parece inconfundível, cada episódio mistura romance, ambição e pequenas descobertas pessoais, tudo isso com a narrativa sofisticada que a Netflix sabe entregar. Os relacionamentos se desenrolam em meio a arquitetura de tirar o fôlego, enquanto desafios de carreira e desejos pessoais se cruzam de maneira divertida e, às vezes, imprevisível.
O clima é simplesmente cativante elegante, descontraído, com aquele humor sutil que faz a gente rir e se encantar ao mesmo tempo. E olha, se Roma não foi construída em um dia, a aventura de Emily por lá consegue conquistar seu coração em apenas uma temporada.
E fique de olho… porque, com certeza, ainda tem muitas surpresas por vir nessa mistura deliciosa de cultura, romance e vida italiana.


































