RESUMO
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O Regulamento (UE) nº 1259/2010, também conhecido como Regulamento Roma III, estabelece um sistema uniforme para lidar com casos de divórcio transfronteiriço dentro da União Europeia (UE). Esta legislação é fundamental para simplificar e padronizar o processo de divórcio quando os cônjuges residem em diferentes países da UE ou possuem cidadanias distintas. Entenda como o divórcio pode impactar sua cidadania italiana, incluindo o que acontece antes e depois da concessão da cidadania.
1. Aplicação da Lei nº. 218/1995
A Lei nº. 218/1995 estabelece as regras para determinar qual legislação deve ser aplicada em casos de atos e sentenças estrangeiras. Em relação ao pedido de separação e divórcio, a lei define:
- Lei Nacional dos Cônjuges: Segundo o artigo 3º da lei, a legislação aplicável é a lei comum nacional dos cônjuges no momento do pedido de separação ou divórcio. Isso significa que o sistema legal do país de nacionalidade dos cônjuges será utilizado para regulamentar o processo, desde que seja aplicável.
- Lei do Estado da Vida Conjugal: Caso a lei nacional não seja aplicável, a legislação do Estado onde a vida conjugal foi predominantemente localizada será considerada. A lei busca refletir o contexto mais relevante para a vida do casal.
- Lei Italiana: Se a separação ou dissolução do casamento não estiver prevista na legislação estrangeira, a lei italiana será aplicada. Esta cláusula garante que a legislação italiana tenha um papel de substituição, assegurando que não haja lacunas na aplicação das leis.
2. Integração com a Legislação da União Europeia
A Lei nº. 218/1995 é complementada por regulamentações da União Europeia que visam harmonizar e facilitar a resolução de casos matrimoniais internacionais:
- Regulamento Europeu nº. 2201/2003: Este regulamento estabelece regras sobre competência, reconhecimento e execução de decisões em matéria matrimonial e de responsabilidade parental. Ele assegura que uma decisão tomada em um Estado-Membro da UE seja reconhecida e executada em outros Estados-Membros.
- Regulamento (UE) nº. 1259/2010: Conhecido como “Regulamento Roma III”, ele trata especificamente do divórcio entre cidadãos da UE com cidadanias diferentes, oferecendo um sistema único para determinar a lei aplicável em casos de divórcio transfronteiriço. Este regulamento é aplicado por 17 países da UE e visa criar uma abordagem consistente para determinar qual legislação deve ser aplicada em casos de divórcio que envolvem múltiplos Estados-Membros. Os seguintes países da União Europeia adotaram o Regulamento (UE) nº 1259/2010:
- Áustria
- Bélgica
- Bulgária
- Estônia
- França
- Alemanha
- Grécia
- Itália
- Letônia
- Lituânia
- Luxemburgo
- Malta
- Portugal
- Romênia
- Eslovênia
- Espanha
- Hungria
3. Competência Judicial em Casos de Divórcio Internacional
Para cidadãos da UE envolvidos em um divórcio internacional, o regulamento estabelece diversos critérios para determinar a competência do tribunal:
- Local de Residência: O pedido de divórcio pode ser apresentado no local onde você reside com seu cônjuge ou onde residiram juntos pela última vez, desde que um de vocês ainda viva lá.
- Residência de Pelo Menos 6 Meses: Se você residir em um país da UE há pelo menos 6 meses, pode apresentar o pedido lá ou, se não for cidadão do país, deve ter residido pelo menos 1 ano. Isso garante que o tribunal tenha uma conexão substancial com o caso.
- Cidadania: O pedido pode ser apresentado no país onde um dos cônjuges é cidadão. Isso proporciona uma alternativa prática quando as outras opções não são viáveis.
Situação | Lei Aplicável |
---|---|
Acordo com o Cônjuge | Lei do país onde você e seu cônjuge residem habitualmente |
Lei do país onde viveram juntos pela última vez | Se um de vocês ainda vive lá |
Lei do país do qual um de vocês é cidadão | Na ausência dos dois primeiros casos, esta lei é aplicável |
Lei do país em que o pedido de divórcio é apresentado | Na falta das leis anteriores, esta lei é aplicável |
Ausência de Acordo | Lei do país onde você e seu cônjuge residem habitualmente |
Lei do país onde viveram juntos pela última vez | Se tenham vivido juntos durante um ano antes de ir a tribunal |
Lei do país do qual ambos são cidadãos | Na falta dos casos anteriores, esta lei é aplicável |
Lei do país onde o pedido de divórcio é apresentado | Na falta das leis anteriores, esta lei é aplicável |
O tribunal que recebe o primeiro pedido de divórcio torna-se competente para resolver a questão e pode também decidir sobre a responsabilidade parental, se houver filhos menores envolvidos.
4. Divórcio entre Cidadão Italiano e Estrangeiro
A Lei nº. 218/1995 e o Regulamento da UE nº. 2201/2003 orientam o processo de divórcio em casos que envolvem cidadãos italianos e estrangeiros:
- Cidadão Italiano e Estrangeiro: A legislação aplica-se igualmente quando um dos cônjuges é italiano e o outro é estrangeiro, ou quando um dos cônjuges reside no exterior.
- Certificação de Decisões: O artigo 39 do Regulamento da UE nº. 2201/2003 estabelece que o tribunal do Estado-Membro de origem deve emitir uma certidão utilizando o formulário padrão. Este modelo facilita o reconhecimento e a transcrição de decisões estrangeiras em outros Estados-Membros da UE.
5. Procedimentos e Reconhecimento de Decisões
Os regulamentos da UE asseguram que uma sentença de separação ou divórcio proferida em um país da União Europeia seja automaticamente reconhecida em outros países da UE. As regras são:
- Acordo entre os Cônjuges: Se houver acordo sobre o divórcio, a lei aplicável será a do país onde você e seu cônjuge residem habitualmente, onde viveram juntos pela última vez (se ainda residir um de vocês lá), ou a do país do qual um dos cônjuges é cidadão.
- Ausência de Acordo: Na falta de acordo, aplicam-se as mesmas regras, mas com maior ênfase na lei do país onde você e seu cônjuge residem habitualmente ou a do país onde viveram juntos pela última vez, caso tenham residido juntos por pelo menos um ano.
Conclusão
A Lei nº. 218/1995 e os regulamentos da União Europeia proporcionam um quadro claro e harmonizado para lidar com questões de separação e divórcio que envolvem múltiplos países. Compreender essas normas é crucial para garantir que os processos sejam conduzidos de maneira justa e eficiente. Se você está enfrentando um divórcio internacional, é essencial estar ciente dessas regras para assegurar que seus direitos e responsabilidades sejam corretamente abordados conforme a legislação aplicável.