A atualização mais recente do sistema da Certidão Negativa de Naturalização (CNN), vinculado ao Ministério da Justiça, reacendeu esperanças entre descendentes de italianos no Brasil ao reintroduzir a possibilidade de incluir variações de grafia nos nomes pesquisados. No entanto, o impacto prático da mudança foi praticamente nulo. Apesar da expectativa criada, o modelo de emissão continua fragmentado, gerando uma certidão separada para cada versão do nome exatamente o problema que usuários esperavam ver solucionado.
Até outubro de 2025, o sistema não aceitava grafias alternativas, o que gerava dificuldades para quem precisava comprovar diferentes formas de escrita presentes em registros antigos. A retomada da funcionalidade ocorreu após pressão de especialistas e da comunidade ítalo-brasileira, mas, mesmo com o retorno da ferramenta, a estrutura da CNN mantém os mesmos entraves.
A plataforma exibe o botão “baixar todas”, mas obriga o solicitante a fazer o download um a um, criando múltiplos arquivos. Cada documento precisa ser traduzido, apostilado e pago separadamente o que amplia custos e prazos.
Mudança sem efeito prático
Especialistas afirmam que a atualização, na prática, não simplificou a vida de quem busca o documento. Para o consultor em cidadania italiana João Paulo Perim Zago, que desde o início do ano alerta o Ministério da Justiça sobre falhas no novo sistema, a mudança está longe de atender às demandas do público.
“A única forma de tornar a certidão funcional seria consolidar todas as grafias em um único documento. Do jeito que está, a mudança não altera nada na vida de quem precisa da CNN”, afirma.
Outro ponto criticado é o limite de cinco grafias adicionais, número inferior ao que sistemas anteriores permitiam.
Retrocessos em relação ao modelo anterior
A comunidade ítalo-brasileira recorda que versões antigas da CNN tanto no antigo sistema eletrônico quanto no atendimento por correspondência emitiram por anos uma única certidão contendo todas as variações de nome, sem qualquer acréscimo de custo ou burocracia.
Para quem já arca com traduções juramentadas, apostilamentos e taxas consulares, o retorno de múltiplos documentos representa um retrocesso significativo.
Algumas melhorias, mas problemas persistem
Houve, contudo, um avanço importante. Após articulação do ex-deputado Luis Roberto Lorenzato com o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), o Ministério da Justiça reinseriu em outubro o campo “nome do pai” na CNN dado indispensável em processos de filiação para cidadania italiana.
Mesmo assim, Lorenzato mantém críticas ao novo formato:
“O modelo anterior era mais completo, seguro e menos burocrático, além de não representar custos extras aos cidadãos”, declarou ao portal Italianismo.
Linha do tempo das mudanças
15/09/2025 – Entrada do sistema DATA NATURALIZAÇÃO
Nova plataforma substitui o sistema anterior e é alvo de críticas por instabilidade, retirada de campos importantes e aumento da burocracia.
13/10/2025 – Retorno do campo “nome do pai”
Pressão política leva o Ministério da Justiça a reinserir a informação na certidão.
17/11/2025 – Retorno das “outras grafias”
Sistema volta a permitir variações de nome, mas mantém o formato de múltiplas certidões, sem redução de gastos para os usuários.
Impacto direto na comunidade
A CNN é um documento central nos processos de reconhecimento de cidadania italiana por descendência no Brasil. Qualquer erro ou limitação técnica pode atrasar procedimentos que já são longos, caros e dependem de absoluta precisão documental.
Enquanto isso, especialistas e entidades seguem defendendo uma saída simples e já testada: retomar o modelo de certidão única, incorporando todas as variações de nome em um único documento solução que funcionou durante anos, era aceita pelos consulados e não gerava prejuízos aos cidadãos.
O Ministério da Justiça ainda não anunciou se pretende revisar novamente o sistema.






























