Vladimir Putin afirmou que, se não houver negociações concretas, a Rússia seguirá tomando territórios pela força, mas garantiu que jamais atacará a Europa. A declaração, citada pela agência Tass durante um discurso ao ministério da Defesa, marca mais um momento de endurecimento do tom de Moscou diante das tentativas internacionais de mediação sobre o conflito na Ucrânia.
Segundo Putin, o Ocidente iniciou operações políticas e militares com a expectativa de provocar o colapso russo. “Todos acreditavam que em curto período de tempo destruiriam e fariam a Rússia desabar”, disse o presidente, repetindo críticas à coalizão ocidental e aos governos que apoiam Kiev.
Ao mesmo tempo, o líder do Kremlin foi categórico ao rejeitar ameaças à integridade do continente europeu: “Não atacaremos a Europa”, enfatizou, tentando separar a ofensiva russa contra a Ucrânia de um conflito amplo com países da União Europeia ou da Otan.
Em resposta às tensões e diante da necessidade de fortalecer capacidades de defesa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou na sessão plenária de Estrasburgo que a Europa precisa assumir responsabilidade pela sua própria segurança. Von der Leyen afirmou que a União está num ponto de virada após décadas de investimento insuficiente e enumerou medidas para transformar a base industrial de defesa europeia em um setor capaz de fornecer tecnologias de ponta e produção rápida em massa.
“Depois de décadas de investimentos insuficientes, finalmente estamos numa virada. Estamos transformando a nossa base industrial de defesa”, afirmou a presidente da Comissão, citando cifras de investimento e programas comunitários. Von der Leyen lembrou que nos últimos dez anos foram aplicados 8 bilhões de euros no Fundo para a Defesa e que há planos para ativar até 800 bilhões de euros de investimento até 2030, além da procura elevada pelo programa SAFE, que já recebeu pedidos de 19 Estados-membros excedendo expectativas.
No Reino Unido, o primeiro-ministro Keir Starmer anunciou no último Question Time antes do recesso de Natal a intenção de doar à Ucrânia 2,5 bilhões de libras em juros recolhidos sobre fundos congelados pertencentes ao oligarca russo Roman Abramovich, ex-proprietário do Chelsea. Starmer afirmou também que o governo está preparado para abrir ações legais visando a confiscação integral de bens no caso de Abramovich não cumprir a promessa de transferir recursos a Kiev.
O anúncio britânico ilustra a pressão crescente sobre ativos russos no exterior e a coordenação entre aliados europeus para ampliar medidas econômicas contra indivíduos e entidades ligados ao Kremlin. A decisão de aproveitar rendimentos de ativos congelados como suporte financeiro à Ucrânia sinaliza uma nova fase na utilização de instrumentos jurídicos e financeiros para sustentar Kiev no campo de batalha e no processo político.
O cenário desenhado por estas intervenções aponta para um momento de escalada diplomática e militar: Moscou endurece seu discurso e condiciona a contenção a negociações concretas, enquanto Bruxelas e Londres aceleram investimentos e medidas para reforçar a capacidade de defesa europeia e o apoio financeiro a Kiev.
Fonte: RaiNews — Notícia original































