O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, manifestou preocupação com o agravamento das restrições das liberdades civis nas áreas da Ucrânia ocupadas pela Rússia. Em pronunciamento ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, Türk afirmou que observações recentes apontam para um endurecimento no controle sobre a liberdade de movimento, de expressão e de religião nessas regiões.
Segundo o Alto Comissariado, o acesso à internet e a serviços de mensagens sofreu novas limitações, dificultando a comunicação e a troca de informações. Türk também destacou que as apreensões de bens por parte das autoridades russas, em territórios ocupados, configuram violações do direito internacional humanitário e vêm crescendo, suscitando sérias preocupações.
Dados citados pelo Alto Comissário indicam que, em novembro de 2025, mais de 38.000 habitações foram registradas como potencialmente abandonadas nas regiões sob ocupação. No entanto, muitos ucranianos relataram não conseguir verificar o estado de seus imóveis nem garantir a preservação da propriedade devido a obstáculos processuais e administrativos impostos pelas autoridades ocupantes.
Türk observou que, quase quatro anos após o início da invasão em larga escala, em fevereiro de 2022, a situação dos civis tornou-se cada vez mais insustentável. “Enquanto as negociações de paz prosseguem”, alertou, “as informações em nossa posse indicam que a guerra está se intensificando, causando mais mortes, danos e destruição”.
Como parte das negociações para um cessar‑fogo, o Alto Comissário propôs medidas imediatas destinadas a reduzir danos e reconstruir confiança a longo prazo. Entre as iniciativas sugeridas estão compromissos mútuos para não empregar armas de longo alcance ou drones de curto alcance em áreas densamente povoadas e para não visar infraestruturas energéticas críticas. Türk também enfatizou a importância do intercâmbio de todos os prisioneiros de guerra e da libertação e repatriação de civis ucranianos detidos.
O relatório do Alto Comissariado documentou, desde o início da invasão russa, execuções extrajudiciais de 96 prisioneiros de guerra e pessoas fora de combate. Türk acrescentou que, a partir de meados de novembro, houve um aumento nas denúncias de execuções de militares ucranianos; informações consideradas credíveis apontam para a execução de 14 prisioneiros de guerra após sua captura pelas forças russas, e outras 10 ocorrências estão sob investigação.
Complementando os dados citados pela ONU, um relatório da OSCE divulgado em setembro indicou que, desde fevereiro de 2022, cerca de 13.500 militares das forças armadas ucranianas foram feitos prisioneiros. Desses, aproximadamente 169 teriam morrido sob custódia, quase 6.800 foram libertados e repatriados, e cerca de 6.300 permaneceriam detidos.
Em outro desdobramento relacionado à segurança, o desenvolvimento de sistemas de defesa contra drones foi apontado como prioridade de investimento pelos países da União Europeia. Essa posição foi destacada nesta semana pelo primeiro‑ministro polonês, Donald Tusk, após reunião de líderes, que sublinharam a necessidade de reforçar capacidades de proteção contra ameaças aéreas de pequeno porte.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos reiterou a urgência de medidas que reduzam os danos imediatos às populações civis e promovam condições mínimas de confiança para avanços nos processos de paz.
Fonte: Rainews — Notícia original






























