Uma investigação da justiça italiana aponta para um vínculo direto entre a Global Sumud Flotilla — embarcação que transportou parlamentares europeus — e dirigentes acusados de financiar o Hamas. Segundo a ordem de prisão preventiva emitida pelo Tribunal de Gênova, duas organizações criadas nos últimos anos atuariam como instrumentos do grupo terrorista no exterior.
O documento da Direção Nacional Antiterrorismo identifica a Conferência Palestinese in Europa (EPC) e a Conferência Popolare dei Palestinesi all’Estero (PCPA) como “importanti istituzioni” que se apresentam como representativas dos palestinos na Europa, mas que, na avaliação da acusação, teriam atuado para hegemonizar a representação e impedir o surgimento de outras entidades.
Nas mais de 300 páginas da ordem de prisão, a promotoria sustenta que essas associações serviram para “svolgere attività di persuasione sui pubblici poteri, direttamente o indirettamente, incidendo sull’opinione pubblica e favorendo gli interessi di Hamas”. O relatório também afirma que a maioria dos investigados pertence a estruturas do Hamas, que opera por meio de três divisões regionais: Cisjordânia, Faixa de Gaza e exterior.
Segundo a peça judicial, a EPC aparece como um organismo de atuação no palco europeu e no seu conselho constam três pessoas residentes na Itália: Raed Al Salahat, Zainab Khalil e Mohamed Hannoun, sendo que dois deles (Al Salahat e Hannoun) foram alvo de prisão.
O vínculo mais estreito com a Global Sumud Flotilla emerge, contudo, a partir da constituição da PCPA. As investigações, conforme a ordem, indicam que a criação da PCPA “foi concebida no seio da Divisione Estero di Hamas” e que, em 2017, o projeto recebeu aval do Comitê Executivo do movimento. Entre os documentos juntados aos autos, há ainda um texto atribuído ao alto quadro do Hamas, Abu-Ahmed Zakaria, que menciona expressamente a ativação dessas entidades na arena internacional.
Partindo dessa configuração, a investigação estabelece a conexão entre a PCPA e a participação de personalidades públicas a bordo da Global Sumud Flotilla, que contou com a presença de nomes como Greta Thunberg, o senador do M5S Marco Croatti, o deputado do PD Arturo Scotto e as eurodeputadas de AVS e do PD Benedetta Scuderi e Annalisa Corrado. Conforme consta na ordem, entre 4 e 6 de dezembro de 2022, integrantes da Freedom Flotilla reuniram-se em Londres com representantes ligados às estruturas citadas, reforçando, segundo a acusação, laços de coordenação e apoio.
Os investigadores anexaram diversos elementos documentais para sustentar a hipótese de que a EPC e a PCPA teriam funcionado como braços políticos ou operacionais do Hamas no exterior. As peças processuais destacam que a atuação dessas entidades visava influenciar autoridades e moldar a opinião pública em prol dos interesses do movimento palestino.
As prisões efetuadas em Gênova refletem a fase atual da investigação e abrem caminho para novos desenvolvimentos judiciais, enquanto autoridades e personalidades envolvidas ainda não se manifestaram oficialmente sobre as alegações descritas na ordem de prisão.































