A UNESCO oficializou nesta quarta-feira o reconhecimento da gastronomia italiana como patrimônio cultural imaterial da humanidade, em decisão tomada durante a 20ª sessão do Comitê do Patrimônio Cultural Imaterial, realizada no histórico Red Fort, em New Delhi.
O pedido formal pela inclusão da cuisine italiana na lista foi iniciado em 2023 pelo governo italiano, que apresentou a comida nacional não apenas como um repertório de pratos — como pizza, pasta e risotto —, mas como um conjunto de práticas sociais e rituais que conectam famílias e comunidades, transmitidos de geração a geração.
Em sua apresentação, o governo destacou a diversidade regional da culinária italiana, citando exemplos como o ossobuco da Lombardia e as orecchiette con cime di rapa da Puglia, para ilustrar como diferentes tradições locais compõem um universo cultural amplo e integrado.
“Esta é uma distinção que só pode nos encher de orgulho”, disse a primeira-ministra Giorgia Meloni em comunicado oficial divulgado após a confirmação da inscrição. Segundo ela, o reconhecimento oferece “uma ferramenta poderosa” para valorizar produtos locais e proteger a produção italiana de imitações e práticas comerciais desleais.
Além do aspecto simbólico e de preservação cultural, entidades do setor estimam efeitos econômicos tangíveis: grupos da indústria afirmam que o selo da UNESCO pode elevar o fluxo turístico em até 8% em um horizonte de dois anos, o que equivaleria a cerca de 18 milhões de pernoites adicionais.
O registro da gastronomia italiana integra uma lista global que abarca tradições muito variadas. Nesta mesma sessão foram incluídos, por exemplo, o festival hindu do Diwali, a cultura das piscinas na Islândia, além de práticas culinárias e alimentares reconhecidas anteriormente ou agora — como a alta cozinha francesa em ocasiões festivas, as refeições mexicanas ligadas a rituais de comunidades étnicas, a técnica coreana de fermentação do kimchi e a cozinha tradicional japonesa Washoku.
Para especialistas em cultura e turismo, o reconhecimento pela UNESCO tende a reforçar tanto a proteção imaterial dessas práticas quanto o apelo internacional por experiências autênticas. A inclusão também pode abrir caminho para políticas públicas voltadas à salvaguarda de saberes, suporte a produtores locais e ações educativas que mantenham vivas técnicas e rituais alimentares.
Com o novo status, a Itália busca consolidar a sua imagem no mapa global da gastronomia não só pelo gosto dos pratos, mas pela dimensão social e identitária que a comida ocupa na vida cotidiana dos italianos.
Fonte: Stabroek News — https://www.stabroeknews.com/2025/12/14/sunday/nonna-was-right-italian-cuisine-wins-a-place-on-unescos-cultural-heritage-list/






























