Com uma sequência de ingressos esgotados e uma carreira que transita com naturalidade entre televisão e teatro, Max Angioni volta ao palco do Teatro degli Arcimboldi com seu one-man show Ancora meno. A temporada vai de 30 de dezembro a 4 de janeiro e, para a ocasião, o espetáculo recebeu o subtítulo “Round finale”: depois de dois anos de turnê nacional, Angioni conta que está recolhendo os últimos aplausos antes de encerrar esta etapa.
Natural de Como, nascido em 1990, com traços e raízes que remetem ao sul da Itália apesar de ser lombardo no registro, o comediante construiu sua fama a partir de participações na TV (como Zelig e Le Iene) e apresentações teatrais. Em 2025, além do espetáculo, Angioni soma ao currículo o filme Esprimi un desiderio, do diretor Volfango De Biasi, no qual interpreta um condenado a serviços comunitários que promove um verdadeiro caos em uma casa de repouso.
Questionado sobre o alcance etário de sua comédia, o artista aponta um elemento pessoal como diferencial: ser filho único — e por muito tempo também único neto em uma família numerosa. “Imagine uma grande tavolata de festa, eu era o único criança rodeado de adultos. Eu me cansava, precisava me destacar: gostava do programa ‘La sai l’ultima?’, contava piadas que nem sempre entendia, e via todo mundo rir da forma como eu as contava”, relembra Angioni, explicando como esse contexto iniciou sua veia cômica.
O percurso de Angioni não foi meteórico: ele fala em “longa gavetta”, com trabalhos paralelos e poucos recursos no começo. Com o tempo, porém, as apresentações foram se multiplicando até transformá-lo em figura recorrente das casas de espetáculo. Sobre a alcunha de “star da comicidade”, ele adota um tom descontraído: prefere a intimidade do lar aos holofotes. “Depois do show volto para casa, preparo uma sopa pronta e assisto a uma série na Netflix. Não sou de tapetes vermelhos — eu tenho três moletons”, conta, desenhando a imagem de um artista simples e centrado.
Com Ancora meno, que passou por várias cidades, o núcleo do texto e os episódios pessoais permanecem; o que muda, garante ele, é a parte de interação com a plateia, que transforma cada noite em uma experiência única. Essa interação é, segundo Angioni, um dos pilares do espetáculo: improviso e resposta ao público mantêm o roteiro vivo a cada apresentação.
Ao falar sobre a formação do comediante, ele destaca que cada trajetória é particular, mas reforça que a condição de filho único contribuiu para desenvolver uma sensibilidade artística e a capacidade de observar e imitar o entorno — ferramentas essenciais para quem faz humor. Entre datas e palcos — citando que, em sua primeira passagem pelo Arcimboldi fez sete apresentações e agora fará seis, e que no Brancaccio, em Roma, já encenou cinco noites — Angioni revela que mantém uma relação afetuosa com o público e prefere transformar a última volta da turnê em um momento de celebração.



























