3I/ATLAS, o terceiro objeto conhecido originário do espaço interestelar a cruzar nosso Sistema Solar, terá sua aproximação máxima à Terra no próximo 19 de dezembro. Após o periélio ocorrido em 29 de outubro, a trajetória do **cometa interstelar** segue afastando-se do Sol e, nas próximas semanas, oferecerá aos astrônomos uma oportunidade rara para observação detalhada.
O encontro ocorrerá em total segurança: a distância mínima estimada será de aproximadamente 270 milhões de quilômetros — quase o dobro da separação média entre a Terra e o Sol. Apesar de não representar qualquer risco para o nosso planeta, essa proximidade relativa permitirá a coleta de dados valiosos sobre a composição e a atividade do objeto interestelar antes que ele retome seu caminho rumo ao espaço profundo.
Descoberto em 1º de julho pelos telescópios ATLAS no Chile e batizado como 3I/ATLAS, trata-se do terceiro visitante confirmado vindo de fora do Sistema Solar, após 1I/’Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019). Sua órbita e velocidade indicam claramente uma origem bem além dos limites do nosso sistema planetário, o que torna cada observação uma janela para processos e materiais formados em ambientes estelares diferentes do nosso.
No decorrer das últimas semanas, diversos observatórios — entre eles o Telescópio Espacial Hubble — registraram imagens e espectros do cometa. Também a missão JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA), que segue em rota para Júpiter, captou registros relevantes durante suas observações, contribuindo com dados sobre a emissão de partículas e a composição do material liberado pela coma e pela cauda do objeto.
As análises preliminares identificaram a presença de várias moléculas complexas no entorno do cometa, incluindo metanol e cianeto de hidrogênio, compostos que são de interesse especial para estudos de astroquímica e astrobiologia, por sua relação com os blocos constituintes da vida. A passagem do dia 19 será, portanto, uma ocasião para maximizar a captação de espectros e imagens em diferentes comprimentos de onda, permitindo decifrar melhor a abundância dessas moléculas e a física do processo de liberação a partir do núcleo.
Para observadores amadores, a boa notícia é que não são necessários equipamentos profissionais para acompanhar o evento: um binóculo de qualidade ou um telescópio amador, desde que se esteja em uma área com céu limpo e baixa poluição luminosa, bastam para localizar e seguir o cometa. Ainda assim, câmeras acopladas a telescópios e instrumentos de maior porte permitirão imagens muito mais detalhadas e espectroscopia mais precisa.
Além da observação direta, o trânsito será transmitido ao vivo. O projeto Virtual Telescope, sob a condução do astrofísico Gianluca Masi, realizará uma transmissão gratuita em streaming a partir das 5:00 da manhã (horário local) do 19 de dezembro, tornando possível acompanhar o fenômeno mesmo para quem não dispõe de equipamento próprio.
Com essa aproximação, a comunidade científica espera coletar o maior volume de informação possível antes que 3I/ATLAS deixe definitivamente o plano do Sistema Solar visível a nós. Cada dado registrado — imagens, luzes em diferentes comprimentos de onda e medições espectroscópicas — ajudará a compreender não apenas a natureza desse visitante, mas também as condições e processos que regem a formação de corpos em torno de outras estrelas.
Como acompanhar:
- Verifique as condições locais de visibilidade: céu limpo e baixa poluição luminosa.
- Use um bom binóculo ou telescópio amador para observação direta.
- Acesse a transmissão do Virtual Telescope com Gianluca Masi a partir das 05:00 do dia 19/12.
Fonte: RaiNews — artigo original em: RaiNews.

























