O ano de 2025 ficará marcado pela mudança de posicionamento público de vários artistas em relação ao conflito no Oriente Médio. Muitos viram na causa pró-Palestina uma oportunidade para ganhar visibilidade e proteger-se de repercussões negativas no mundo das redes sociais. Em diversos palcos e perfis, foi possível observar gestos simbólicos — como a exibição de uma bandeira palestina — e declarações emocionadas que rapidamente viralizaram.
Nem todos, porém, agiram pelo mesmo motivo. Entre os que se destacaram por coerência figura a cantora Fiorella Mannoia, cuja postura é percebida como consistente e enraizada em convicções antigas, e não em conveniências recentes. Para muitos outros artistas, a adesão pública ao movimento pro-Pal parece ter sido também uma escolha estratégica: dentro das bolhas digitais, manifestar apoio à causa palestina se mostrou menos arriscado do que tomar partido por Israel, que, em alguns casos, desencadeou severas reações e boicotes.
O episódio envolvendo atrizes e atores de Hollywood ilustra essa tensão. Nominações e participações em grandes eventos culturais chegaram a ser questionadas quando nomes como Gal Gadot e Gerard Butler foram alvo de petições para sua exclusão de mostras e festivais, incluindo a polêmica em torno da Mostra de Cinema de Veneza. Ambos alegaram compromissos prévios para sua ausência, mas a pressão pública foi notória — o que levou muitos a ponderarem os riscos de um posicionamento considerado controverso.
Além das declarações verbais, houve quem recorresse a gestos performáticos: artistas que incorporaram a bandeira palestina em momentos de apresentação, recebendo aplausos e adesões dos movimentos que apoiam a causa. Não se trata necessariamente de uma crítica moral ao gesto em si, mas de uma observação sobre a instrumentalização da visibilidade artística para objetivos pessoais — sejam eles de carreira, de imagem pública ou de engajamento digital.
Outro capítulo relevante em 2025 foi a centralidade ocupada pela Flotilla nas narrativas de algumas celebridades. Houve quem usasse a missão para dramatizar posicionamentos nas redes sociais — inclusive com registros emocionados de choro — enquanto outros tentaram lançar canções inspiradas no tema, na esperança de que se tornassem hinos de protesto ou mobilização. Em alguns casos, artistas também aproveitaram o momento para criticar governos ou políticas, numa mistura de militância e autopromoção.
As reações programadas e espontâneas diante da Flotilla foram diversas. Organizações do próprio movimento chegaram a descrever a ação como mais política do que estritamente humanitária, questionando, por exemplo, a real capacidade de fornecimento de mantimentos embarcados. Esses elementos alimentaram o debate sobre autenticidade, utilidade e motivações por trás do apoio público de figuras públicas.
No conjunto, 2025 expôs como o ambiente midiático mudou as regras da expressão pública. Enquanto alguns artistas mostraram coerência histórica em suas escolhas, outros parecem ter redescoberto a causa pró-Palestina como uma via de maior aceitação social e digital, reduzindo riscos de repercussões negativas. A discussão permanece aberta: até que ponto o engajamento público é expressão de convicção e quanto dele serve a estratégias de visibilidade?






























