A China anunciou o início de exercícios militares com arma de fogo no espaço aéreo e nas águas próximas da ilha autogovernada de Taiwan, numa ação descrita por Pequim como um sério aviso contra movimentos separatistas e interferências externas.
Em nota, o Comando do Teatro Oriental do Exército Popular de Libertação informou que estão sendo empregados cacciatorpedinieri (couraçados destróier), fregate, aeronaves de caça, bombardeiros e veículos aéreos não tripulados durante as manobras. As operações incluem, segundo o comunicado, “treinamento com fogo real em alvos marítimos a norte e a sudoeste de Taiwan”, em uma demonstração de capacidade de ataque e bloqueio naval.
O governo de Taiwan reagiu com firme condenação. Karen Kuo, porta-voz do gabinete presidencial, classificou as ações de Pequim como “provocações irresponsáveis” e criticou o que chamou de desprezo chinês pelas normas internacionais e a tática de intimidação militar para pressionar países vizinhos.
Segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, nos últimos 24 horas foram detectados dois aviões militares chineses e 11 embarcações próximas à ilha. As forças de defesa taiwanesas mantêm-se em estado de máxima vigilância e prontas para executar “exercícios de resposta rápida”, caso a situação evolua para uma ameaça direta.
As autoridades de Taipei enfatizam que todos os membros das suas forças armadas permanecerão extremamente vigilantes e em plena prontidão, adotando medidas concretas para proteger os valores da democracia e da liberdade.
Do lado chinês, o porta-voz do comando militar, coronel major Shi Yi, afirmou que as manobras — batizadas de Missão Justiça-2025 — têm como foco patrulhas de preparação ao combate marítimo-aéreo, assunção do controle integral de áreas estratégicas, bloqueio de portos e zonas-chave, além de uma “dissuasão externa tridimensional”. O objetivo declarado é lançar um “sério aviso” contra tendências independentistas em Taiwan e contra as chamadas “interferências externas”, numa referência implícita aos EUA.
As manobras ocorrem em um contexto de crescente escalada nas relações entre Pequim e Taipei. Entre os fatores que tensionam a situação estão visitas de políticos japoneses a Taiwan, o reforço da cooperação em segurança entre Washington e Taipei e recentes vendas de armamentos — medidas que motivaram a imposição de sanções chinesas a empresas norte-americanas do setor de defesa.
Especialistas e analistas internacionais alertam que transformar águas regionais em um campo de simulação militar acirra riscos e aumenta a probabilidade de incidentes que podem desestabilizar uma das áreas mais sensíveis do Pacífico. A retórica oficial chinesa e a prontidão militar de Taiwan deixam claro que a situação permanece volátil e monitorada de perto por atores regionais e globais.































