Na manhã de Natal, Papa Leone XIV retornou à Basílica de São Pedro para presidir a Missa do Dia de Natal, poucas horas depois de ter celebrado a Missa da Noite — um feito que não acontecia desde 1994, quando um Pontífice celebrou ambos os ritos na mesma igreja.
O centro da homilia da Missa da Noite foi um apelo contundente à dignidade humana e uma crítica aos modelos econômicos que transformam pessoas em mercadoria. “Enquanto uma economia distorcida leva a tratar os homens como mercadoria, Deus se faz semelhante a nós, revelando a infinita dignidade de cada pessoa”, denunciou o Papa Leone XIV durante a celebração na Basílica de São Pedro.
Retomando palavras de Bento XVI, o Pontífice observou que “não há espaço para Deus se não houver espaço para o homem” e exortou as comunidades a manterem as portas abertas a crianças, pobres e estrangeiros. “Onde há lugar para o homem, há lugar para Deus”, acrescentou, afirmando que a estrebaria de Belém é mais sagrada que um templo.
Ao concluir o seu Mensagem de Natal a partir da varanda da Basílica, o Papa Leone XIV proferiu saudações em dez idiomas, retomando uma tradição que o seu antecessor deixara de lado, embora sem chegar ao número de línguas usadas por João Paulo II em ocasiões semelhantes (51 línguas em 1985). A Sala de Imprensa informou que cerca de 26 mil pessoas estiveram presentes na Praça de São Pedro para a Bênção Urbi et Orbi desta manhã.
O Pontífice concedeu indulgência plenária aos fiéis presentes na praça e aos que acompanhavam pela TV e rádio, pronunciando a fórmula em latim. Em seguida foram executados o hino vaticano e o hino italiano.
Na sua mensagem, o Papa Leone XIV fez um veemente apelo contra a indiferença: “Não nos deixemos vencer pela indiferença diante de quem sofre, porque Deus não é indiferente às nossas misérias”. Recordou que, ao tornar-se homem, Jesus assume nossa fragilidade e se identifica com os mais vulneráveis: “com quem não tem mais nada e perdeu tudo, como os habitantes de Gaza; com quem sofre fome e pobreza, como o povo do Iêmen; com quem foge de sua terra em busca de um futuro, como os numerosos migrantes que atravessam o Mediterrâneo ou percorrem o continente americano”.
O Papa também mencionou os desempregados e os jovens que buscam trabalho, os trabalhadores explorados e os detentos que vivem em condições desumanas, ampliando o apelo por justiça social e solidariedade.
Antes da bênção natalina Urbi et Orbi, no contexto do Jubileu da Esperança, o Pontífice pediu ainda a paz para o Haiti, clamando para que “toda forma de violência cesse e que o país possa trilhar com confiança o caminho da reconciliação”.






























