O Presidente da República, Sergio Mattarella, advertiu que o modelo democrático contemporâneo enfrenta desafios significativos diante de Estados marcados por involuções autoritárias. As declarações foram feitas durante a cerimônia de troca de votos de final de ano realizada no Quirinale, em Roma.
Segundo Mattarella, «o modelo democrático hoje aparece desafiado por Estados cada vez mais marcados por involuções autoritárias, que, contra a história, se propõem como modelos alternativos». O Presidente ressaltou que essa tendência configura uma ameaça direta aos sistemas democráticos e ao Estado de direito.
Em sua intervenção, Mattarella chamou atenção para outro risco paralelo: a tentativa de apagar a linha que separa liberdade de arbitrio. Ele afirmou que «a pretensão de remover limites ao comportamento individual, unida às potencialidades oferecidas pelas tecnologias, corre o risco de arrastar consigo ordenamentos democráticos e o próprio Estado de direito».
O Presidente sublinhou a gravidade do fenômeno: quando o exercício das liberdades individuais não é acompanhado por limites e controles institucionais, a convivência democrática se fragiliza. A combinação entre a erosão de normas e o avanço de ferramentas tecnológicas com grande capacidade de monitoramento e manipulação acentua essa vulnerabilidade.
Na cerimônia no Quirinale, Mattarella destacou ainda a necessidade de preservação de instituições que garantam a alternância do poder e protejam direitos fundamentais. Para ele, defender o modelo democrático implica reafirmar limites legais, promover transparência e fortalecer mecanismos que impeçam a concentração de poderes e a arbitrariedade.
A mensagem do Presidente chega em um momento em que debates sobre liberdade individual, vigilância tecnológica e autoridade estatal ganham relevância global. Sem citar países específicos, Mattarella apontou que propostas que se apresentam como “alternativas” ao sistema democrático frequentemente recuperam práticas que enfraquecem contrapesos institucionais e garantias jurídicas.
Ao concluir, o chefe de Estado lançou um alerta às democracias: a proteção das liberdades civis exige vigilância ativa, atualização das normas frente às novas tecnologias e um compromisso renovado com o Estado de direito. A preservação dos valores democráticos, disse ele, passa pela resistência a modelos que buscam normalizar a remoção de limites às ações individuais e ao poder estatal.
Fonte: Presidência da República, discurso de final de ano no Quirinale.
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Fonte original: ANSA – Mattarella, il modello democratico è sfidato da Stati con involuzioni autoritarie































