BERGAMO, 20 de dezembro de 2025 — Foi lançado com sucesso a partir da base americana de McMurdo, na Antártica, o projeto internacional GAPS (General AntiParticle Spectrometer). O experimento, transportado por um balão estratosférico, subirá a cerca de 30 quilômetros de altitude para monitorar os raios cósmicos e buscar traços extremamente raros de antimatéria.
A detecção desses sinais seria um indício crucial para entender a natureza da matéria escura, um dos enigmas mais persistentes da física moderna. A presença de antipartículas em quantidades e assinaturas específicas poderia apontar para processos relacionados à composição da matéria escura ou à existência de fenómenos ainda desconhecidos no universo.
O papel italiano no experimento é de destaque: a Universidade de Bergamo, por meio do seu Grupo de Microeletrônica, em colaboração com o Istituto Nazionale di Fisica Nucleare (INFN), projetou e realizou o circuito integrado de leitura do detector — um componente essencial para o funcionamento do instrumento e para a aquisição de dados de alta sensibilidade.
O desenvolvimento do dispositivo de leitura foi conduzido pela equipe formada por Valerio Re, Massimo Manghisoni, Elisa Riceputi, Paolo Lazzaroni e Luca Ghislotti. Segundo os pesquisadores, o circuito permite processar sinais muito fracos vindos do detector, aumentando a capacidade do GAPS de distinguir entre partículas comuns e as raras assinaturas de antimatéria.
Esta missão representa a segunda campanha de voo do GAPS. Uma tentativa de lançamento em 2024 não pôde ser realizada devido a condições meteorológicas adversas na região antártica, que impediram a subida do balão. Com a janela de lançamento agora aberta e as condições favoráveis, a equipe internacional espera coletar uma quantidade significativa de dados durante o sobrevoo de várias horas sobre os campos de gelo.
O funcionamento do experimento baseia-se na capacidade do detector de rastrear e identificar antipartículas produzidas pelos raios cósmicos. Ao voar em altitudes da estratosfera, o GAPS reduz a interferência atmosférica e aumenta a sensibilidade às partículas de origem cósmica. Os resultados poderão oferecer pistas valiosas tanto para a astrofísica de partículas quanto para modelos teóricos que tentam explicar a matéria escura.
Além da Universidade de Bergamo e do INFN, o consórcio GAPS reúne cientistas de várias instituições internacionais, refletindo a natureza colaborativa e multinacional de projetos de grande escala na física de partículas e astrofísica experimental.
Os pesquisadores esperam que a nova campanha de voo permita confirmar ou refutar sinais já eventualmente observados previamente, e fornecer medições mais precisas sobre a abundância e características de antipartículas nos raios cósmicos.

























