Um novo relatório europeu aponta para a crescente penetração política e institucional dos Irmãos Muçulmanos no continente, afirmam os autores que analisaram redes, financiamentos e estratégias de adaptação ao ambiente ocidental. Encomendado pelo grupo do Parlamento Europeu ECR — do qual faz parte o partido italiano Fratelli d’Italia — o estudo “Unmasking the Muslim Brotherhood: Brotherism, Islamophobia, and the EU” foi elaborado pela antropóloga francesa Florence Bergeaud-Blackler e pelo pesquisador italiano Tommaso Virgili.
Os autores destacam que a preocupação não é com a religião em si, mas com o uso político da fé para construir influência e poder. Em cerca de 50 páginas, o relatório traça a arquitetura de um «network» multifacetado que tem, no seu núcleo, a Fraternidade e, em torno, uma série de organizações e movimentos que atuam em diferentes frentes, muitas vezes sob a aparência de moderação e do compromisso com valores europeus.
Bergeaud-Blackler cunhou o termo “frérisme” (fratellismo) para descrever a lógica de pertença e difusão ideológica, enquanto Virgili compara a Fratellanza a “um selo em regime de franchising”, com estruturas formais e informais que variam conforme o país e o contexto político. O relatório identifica, entre outras, seis entidades consideradas parte dessa órbita: Council of European Muslims, Femyso, European Institute of Human Sciences, European Council for Fatwa and Research, Europe Trust e Islamic Relief Worldwide.
Além das organizações diretamente ligadas à Fraternidade, há um amplo conjunto de movimentos e personalidades que simpatizam com a agenda ou acabam por ser influenciados por ela — alguns de forma consciente, outros não. Virgili cita, por exemplo, ativadores locais que operacionalizam essa influência em diversos Estados; na Itália, o pesquisador menciona Mohammed Hannoun entre figuras relevantes nesse ecossistema.
Um ponto central do relatório é a capacidade de adaptação dessas redes às instituições europeias. Segundo os autores, por motivos que combinam falta de compreensão e escolhas ideológicas, fundos e programas da União Europeia acabam por legitimar e financiar atores ligados ao islamismo político. O documento chama a atenção para transferências financeiras significativas: cita-se, por exemplo, cerca de 33,7 milhões de euros destinados à Islamic Relief no período 2007–2020 (valor que chegaria a 40 milhões incluindo filiais nacionais) e montantes também atribuídos a outras organizações, como a European Network Against Racism.
O texto ressalta que estes apoios nem sempre refletem um alinhamento com uma agenda atéia ou secular, mas podem facilitar a consolidação de iniciativas que promovem visões incompatíveis com princípios liberais, segundo os pesquisadores. Na Europa, a questão ganhou dimensão pública: serviços de inteligência franceses alertaram para riscos à coesão nacional, no Reino Unido grupos islamistas operam abertamente e, nos Estados Unidos, há sinais de que autoridades estudam medidas punitivas contra estruturas associadas aos Irmãos Muçulmanos, em níveis federal ou estadual.
O relatório serve como um chamado à atenção das instituições e das sociedades europeias para a necessidade de distinguir entre prática religiosa legítima e estratégias organizadas de influência política que utilizam a religião como ferramenta. Para os autores, transparência, verificações de financiamentos e políticas públicas informadas são instrumentos chave para enfrentar a questão sem estigmatizar comunidades muçulmanas.
Fonte: Il Giornale — https://www.ilgiornale.it/news/politica/i-fratelli-musulmani-piovra-pericolosa-che-sfrutta-i-soldi-2582924.html


























