Nesta sexta-feira, 12 de dezembro, a Itália vive um dia de paralisação nacional convocada pela CGIL contra o projeto de lei orçamentária do governo Meloni.
A Itália amanheceu sob forte mobilização sindical. A greve geral convocada pela CGIL (Confederação Geral Italiana do Trabalho) atinge hoje praticamente todos os setores públicos e privados, deixando transportes, escolas e serviços de saúde operando de forma reduzida e, em muitos casos, completamente parados. Apenas os serviços essenciais estão garantidos por lei.
A mobilização, que se estende do norte ao sul do país, é um protesto direto contra o projeto de lei orçamentária apresentado pelo governo de Giorgia Meloni, considerado pelo sindicato “injusto” e incapaz de enfrentar temas urgentes como salários baixos, precariedade no emprego e o aumento do custo de vida.
A CGIL reivindica:
• Aumento de salários e pensões
• Suspensão do aumento da idade para aposentadoria
• Combate à precarização do trabalho
• Reforma tributária progressiva
• Investimentos reais em saúde e educação
• Rejeição ao aumento dos gastos militares
• Políticas industriais e de serviços que protejam empregos
A seguir, a situação em tempo real nas principais cidades italianas:
09h01 – Transportes urbanos paralisados em várias cidades
O transporte público local é o setor mais afetado. Ônibus, bondes e metrôs estão em greve por 24 horas, respeitando janelas de segurança que variam de cidade para cidade:
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Milão: 8h45–15h e 18h–fim do serviço
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Turim: 9h–12h e 15h–fim do serviço
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Gênova: 9h–17h30 e 20h30–fim do serviço
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Bolonha: 8h30–16h30 e 19h30–fim do serviço
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Florença: 8h15–12h30 e 14h30–fim do serviço
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Nápoles: 9h30–17h e 20h–fim do serviço
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Bari: 8h30–12h30 e 15h30–fim do serviço
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Cagliari: janelas alternadas durante o dia
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Palermo: 8h30–17h30 e 20h30–fim do serviço
Em Roma, a Atac não aderiu, mantendo ônibus e metrôs da rede municipal operando normalmente.
09h02 – Trens: paralisação até 21h
O tráfego ferroviário está suspenso das 00h01 às 21h.
Trens regionais e interurbanos operam apenas nos horários garantidos por lei (6h–9h e 18h–21h).
Longo percurso opera conforme acordos específicos entre empresas e sindicatos.
09h03 – Portos e transporte marítimo parados
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Trabalhadores portuários: greve de 24 horas.
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Linhas marítimas para Sardenha e Sicília: atrasos de até 24h.
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Linhas para ilhas menores: parada total, exceto serviços essenciais.
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Serviços de reboque, pilotagem e movimentação portuária: paralisados.
Também aderiram: táxis, motoristas de NCC, transporte de carga e logística, autoescolas, estacionamentos, teleféricos e até serviços funerários, com restrições.
09h31 – Nápoles: impacto moderado, mas cancelamentos no regional
Os serviços urbanos funcionam com normalidade, mas vários trens regionais foram cancelados.
A Linha 2 do metrô (Trenitalia) opera com atrasos, enquanto a rede EAV foi parcialmente afetada.
09h45 – Gênova registra milhares nas ruas; mais de 15 trens cancelados
A Ligúria é uma das regiões mais afetadas:
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Mais de 15 trens cancelados em Brignole e Principe
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Ato massivo reúne milhares no centro
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Interrupções previstas em transporte urbano e portos
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Bombeiros aderiram por 4 horas
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Diversas categorias, como construção civil, metalúrgicos e comércio, também participam
A prefeitura de Gênova emitiu ordem para obrigar trabalhadores da Cirfood, responsável por refeições hospitalares, a comparecer devido ao risco para serviços essenciais.
10h06 – Em Florença, marcha liderada por Landini se movimenta pelo centro
A manifestação começou na Piazza Santa Maria Novella e segue até a Piazza del Carmine.
Discursos serão feitos por delegados regionais e pelo secretário-geral da CGIL, Maurizio Landini.
Também estão presentes:
• Angelo Bonelli (Alleanza Verdi e Sinistra)
• Nicola Fratoianni (Sinistra Italiana)
10h06 – Roma: marcha segue até área onde operário morreu em obra do PNRR
A passeata começou na Piazza Vittorio e terminará na Torre dei Conti, local onde o trabalhador Octav Stroici morreu em outubro em um acidente de trabalho em obra do PNRR.
Trens regionais tiveram forte impacto, com cancelamentos nas linhas:
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Velletri
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Pisa Centrale
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Minturno-Scauri
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Nettuno
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Cassino
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Salerno
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Fiumicino Aeroporto
A linha Metromare está fechada. A linha Roma–Viterbo opera com fortes reduções.
10h20 – Turim reúne 10 mil pessoas, segundo a CGIL
A marcha saiu da Piazza XVIII Dicembre e segue rumo à Piazza Castello.
Manifestantes carregam faixa com a frase: “As Mentiras do Governo Meloni”.
Discursos finais serão feitos por:
• Federico Bellono (CGIL Torino)
• Vilma Gaillard (CGIL Valle d’Aosta)
• Tania Scacchetti (SPI CGIL)
A greve geral desta sexta-feira, 12 de dezembro, convocada pela CGIL, demonstra a profundidade das tensões sociais e econômicas que atravessam a Itália. Com paralisações que atingiram transportes públicos e privados, escolas, hospitais, correios e diversos setores do comércio e da indústria, o país enfrentou um dia de graves transtornos, impactando a rotina de milhões de cidadãos. Apenas os serviços essenciais foram mantidos, garantindo o mínimo necessário para a segurança e o funcionamento da sociedade.
O movimento reflete um descontentamento crescente com o pacote orçamentário proposto pelo governo Meloni, apontado pelos sindicatos como insuficiente para proteger salários, aposentadorias e empregos, e inadequado para enfrentar a precariedade e o aumento do custo de vida. As manifestações e paralisações que ocorreram em todas as regiões do país não se limitaram a atos simbólicos: evidenciam a mobilização efetiva da força de trabalho, com milhares de pessoas saindo às ruas em cidades como Roma, Milão, Turim e Gênova, exigindo mudanças concretas em políticas econômicas, fiscais e sociais.
Além de interromper serviços e alterar a rotina cotidiana, a greve serve como um termômetro das preocupações sociais que se acumulam frente às medidas governamentais. O impacto imediato sobre transporte, educação e saúde destaca a fragilidade de setores essenciais diante de conflitos laborais, enquanto o debate público sobre direitos dos trabalhadores, proteção social e justiça econômica ganha força.
Em síntese, o dia evidencia a complexidade do cenário italiano: uma sociedade que, ao mesmo tempo em que depende da continuidade dos serviços públicos, se mobiliza para reivindicar direitos fundamentais e denunciar políticas consideradas injustas. A greve geral não apenas interrompeu atividades essenciais, mas também enviou uma mensagem clara ao governo sobre a urgência de diálogo e reformas capazes de equilibrar crescimento econômico, proteção social e dignidade do trabalho.































