A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni assegurou nesta semana que a nova lei sobre consentimento sexual será aprovada, mas advertiu a oposição para que não utilize o tema contra seu governo. A legislação, que estabelece o consentimento como “pleno, livre, explícito e presente”, continua em discussão sobre a redação final, considerada crucial para evitar ambiguidades e conflitos jurídicos.
Segundo Meloni, a rejeição temporária do Senado não foi um impasse político, mas uma consequência da necessidade de aperfeiçoar o texto. Em reuniões nos bastidores, a primeira-ministra garantiu ao Partido Democrático (PD) que o projeto será aprovado, mas pediu paciência e tempo para que se encontre uma formulação clara e abrangente, capaz de organizar uma área até agora juridicamente incerta.
“A lei será aprovada, mas precisamos que seja bem redigida. E, por favor, não a usem contra mim”, afirmou Meloni, em referência à secretária do PD, Elly Schlein.
Prioridade: redação clara e nada de troca de votos
De acordo com Paola Di Caro, do Corriere della Sera, o lema de Meloni é “redigir bem a lei”. A primeira-ministra enfatizou que não houve nem haverá qualquer negociação de votos entre centro-direita e centro-esquerda em torno do projeto de lei sobre feminicídio, aprovado simbolicamente em 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher.
O projeto que trata do consentimento explícito segue uma lógica similar: ambos os lados consideram a lei correta e justa, e a ideia de “troca de votos” seria absurda, segundo Meloni.
Desafios técnicos e jurídicos
Nas últimas semanas, Meloni consultou especialistas e integrantes da Comissão de Justiça do Senado, incluindo Carolina Varchi e Giulia Bongiorno, além da ministra da Igualdade de Oportunidades, Eugenia Roccella. Segundo relatos, o consenso é que o texto é difícil, mas possível de ser trabalhado.
As principais dúvidas não se referem ao mérito da lei, mas à sensibilidade da redação, que poderia abrir brechas para interpretações equivocadas ou conflitos em processos judiciais. Roccella e membros da maioria destacaram o risco de situações em que pessoas pudessem ser alvo de vingança por relacionamentos mal resolvidos.
“Trata-se mais de clareza interpretativa e de evitar congestionamento nos tribunais”, disseram especialistas consultados pelo governo.
Oposição e críticas
Meloni criticou a oposição por sua postura, afirmando que atacam mesmo quando há concordância. Para a primeira-ministra, a hostilidade não se deve à desaceleração do processo, mas ao fato de que o centro-direita está impulsionando reformas importantes para mulheres, tema que a oposição costuma tratar como bandeira própria.
“Eles veem isso como uma expropriação. Mesmo que digamos as mesmas coisas, somos atacados como se fôssemos reacionários e antiquados”, disse Meloni.
O governo busca, portanto, aprovação com consenso, mas condicionada à elaboração de um texto claro e juridicamente seguro.
Mensagem final: paciência e cooperação
Após a rejeição no Senado e a reafirmação de unidade da Lega, a mensagem enviada ao Partido Democrático foi clara: o governo trabalhará junto à oposição para o bem do país, mas a lei precisa ser bem escrita e inequívoca.
“As coisas devem ser feitas corretamente, sem pressa, e nunca por troca de votos”, concluiu a primeira-ministra.
O caminho para a aprovação do Artigo 609-bis do Código Penal continua, e todas as atenções agora se voltam para as próximas semanas, quando se espera que a redação final seja definida e que a lei avance com o consenso necessário para sua implementação.






























