Imigrante na Itália normalmente começa ganhando menos que a média nacional, mas quem progride no italiano e na qualificação consegue chegar perto – ou até acima – dos salários dos italianos na mesma função. A chave é entender como o idioma limita (ou acelera) o acesso a cada tipo de profissão, e planejar sua trajetória de A0 até B2/C1 com metas de cargo e faixa salarial bem claras.
Visão geral: quanto ganha um imigrante?
A média salarial bruta na Itália gira em torno de 33.000 € por ano (cerca de 2.700–3.000 € brutos por mês), considerando todos os trabalhadores, italianos e estrangeiros. No entanto, a maioria dos estrangeiros está concentrada em cargos operacionais (blue-collar), o que puxa o ganho típico do imigrante para baixo em relação a essa média.
Há cerca de 2,4 milhões de trabalhadores estrangeiros na Itália, representando pouco mais de 10% dos empregados, e muitos deles avaliam sua renda como insuficiente, especialmente quem está em situação irregular. O país não tem um salário mínimo nacional único; os pisos e tabelas salariais são definidos por contratos coletivos por setor (metalúrgicos, comércio, hotelaria, etc.), o que faz os salários variarem bastante de acordo com a área e a região.
Como o italiano impacta o salário
Relatórios oficiais mostram que a integração de estrangeiros no mercado de trabalho italiano depende muito da combinação de três fatores: tipo de contrato, compatibilidade entre qualificações e o nível de italiano. Migrantes sem domínio da língua ficam presos em funções mais manuais, temporárias e com proteção trabalhista limitada, o que reduz salário e estabilidade.
Para profissões regulamentadas (como saúde, direito, ensino, engenharia), a exigência formal de italiano é alta: em muitos casos o órgão profissional exige prova de nível equivalente a B2 ou superior para reconhecer diplomas e permitir o exercício da profissão. Mesmo em empregos não regulamentados, empresas de serviços, administração e vendas costumam exigir pelo menos B1 para contato direto com o público.
Níveis típicos de italiano por tipo de trabalho
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Trabalhos totalmente manuais, com pouco contato com cliente (limpeza pesada, agricultura, construção básica): muitas vezes contratam pessoas entre A0 e A2, desde que haja colegas ou encarregados que falem sua língua, mas isso limita promoções e aumenta risco de exploração.
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Serviços simples com contato com público (garçom, barista, balconista): exigência frequente de B1 para conseguir se virar com clientes, entender pedidos e lidar com situações de conflito.
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Profissões técnicas e de escritório (TI, engenharia, administração, atendimento telefônico): frequentemente pedem B1–B2 de italiano, ou inglês avançado quando a empresa tem ambiente internacional.
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Profissões regulamentadas (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, professores, advogados): regra geral de B2 como mínimo para registro nos conselhos e exercício seguro da profissão.
Salários por área e nível de idioma
Como você já vem estudando o mercado de trabalho italiano e pensou em serviços para apoiar imigrantes, faz sentido olhar setor por setor, sempre conectando faixa salarial com nível de italiano necessário. Os valores abaixo são aproximados, tomando como referência médias salariais por profissão na Itália e adaptando para a realidade de entrada de imigrantes (um pouco abaixo da média geral do cargo).
Limpeza, hotelaria básica e trabalhos manuais
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Limpeza e faxina (addetto alle pulizie): a média para esse tipo de função gira em torno de 1.200–1.400 € por mês, com muitas ofertas mais próximas do piso, especialmente em pequenas empresas.
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Ajudante de cozinha e lava-pratos (aiuto cuoco, lavapiatti): salários próximos aos de limpeza, variando de acordo com horas extras, trabalho noturno e se é contrato regular ou não.
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Agricultura sazonal (bracciante agricolo): remuneração muitas vezes calculada por dia ou por hora, ficando normalmente na faixa dos salários mais baixos do mercado formal.
Nesses cargos, é comum ver imigrantes começando praticamente sem italiano ou com A1, porque a comunicação no dia a dia é simples e muitas instruções são passadas por demonstração prática. Com o tempo, quem chega a um italiano A2/B1 pode virar encarregado de equipe (caposquadra ou caporeparto) e ganhar algo entre 10% e 30% a mais que a base, além de mais estabilidade contratual.
Construção civil e logística
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Operário de construção (operaio edile): costuma ganhar algo equivalente ou ligeiramente acima de funções de limpeza, dependendo da especialização (pedreiro, eletricista, encanador) e do contrato coletivo da construção.
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Ajudante de obra (manovale): tende a ficar próximo do piso do setor, similar ou pouco acima dos 1.200–1.300 € mensais em muitos casos.
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Armazém, estoque, logística (magazziniere): a média nacional reportada para funções de atendimento e logística gira em torno de 1.300–1.600 €, podendo subir com turnos noturnos e experiência.
Aqui, empresas mais estruturadas exigem pelo menos A2/B1 para segurança (entender normas, riscos, avisos de máquinas, EPIs), e o trabalhador que evolui para B1/B2 consegue chegar a funções de operador de máquinas, chefe de turno ou coordenador de logística com salários bem melhores. A progressão típica é: entrada em tarefas pesadas com baixo idioma, depois migração para tarefas mais técnicas ou de coordenação à medida que o italiano melhora.
Restaurante, bar, turismo e atendimento
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Garçom(garçonete) (cammeriere/cammeriera): estimativas de mercado apontam média em torno de 1.200–1.400 € mensais, sem contar gorjetas, o que coloca a função entre as mais baixas da tabela salarial geral, mas com grande variação conforme região turística.
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Atendente de bar (barista): salários semelhantes aos de garçom, com possibilidade de renda extra em horários noturnos e finais de semana.
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Recepção de hotel (receptionist): ganha em média mais que funções puramente operacionais; dados de mercado indicam algo em torno de 1.800–2.000 € mensais para a média nacional.
Para garçom, barista e atendimento em turismo, B1 é praticamente o mínimo funcional, porque é necessário lidar com reclamações, explicar cardápio, resolver problemas rápidos e, muitas vezes, usar também um pouco de inglês. Quem alcança B2 de italiano, domina inglês e acumula experiência pode subir para chefe de sala, gerente de restaurante ou gerente de recepção, aproximando-se de salários de 2.000–3.000 € mensais em grandes cidades e destinos turísticos.
Serviços de cuidado: cuidadores e babás
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Cuidador de idosos interno (badante convivente): muitas vezes recebe um salário fixo mensal mais alimentação e moradia; o valor em dinheiro costuma ser inferior a outras funções formais, mas o custo de vida do trabalhador cai bastante porque não paga aluguel.
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Babá (tata ou baby-sitter): dados de mercado apontam médias em torno de 1.400–1.600 €, variando muito com número de horas, responsabilidades e se é contrato regular.
Essas funções ainda absorvem muitos imigrantes com italiano limitado (A1–A2), especialmente quando a família empregadora fala também outra língua ou há recomendação por rede de conterrâneos. No entanto, cuidadores com B1/B2 ganham preferência para famílias com idosos que precisam de acompanhamento médico, comunicação com médicos e farmácias, e podem negociar melhor salário e formalização do contrato.
Escritório, call center e serviços administrativos
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Atendente de call center em italiano: empresas frequentemente oferecem salários na faixa mais baixa do setor de serviços, próximos da média da categoria de atendimento, algo em torno de 1.300–1.600 €.
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Call center multilíngue (italiano + português/inglês): pode pagar um pouco mais, justamente por exigir fluência em mais de um idioma.
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Assistente administrativo (impiegato amministrativo): a média nacional para funções administrativas fica algo acima de 2.000 € mensais, considerando profissionais já estabelecidos.
Nesses cargos, o idioma é a principal barreira: call centers que atendem apenas em italiano geralmente pedem B2, enquanto funções administrativas e de escritório exigem capacidade de redigir e-mails, compreender documentos e falar com clientes ou fornecedores, algo entre B2 e C1 na prática. Um imigrante que chega com boa experiência de escritório em seu país, mas sem italiano, muitas vezes precisa passar primeiro por funções mais simples (ex.: logística, hotelaria) enquanto melhora o idioma para então migrar para o perfil administrativo.
Tecnologia da informação (TI) e profissões digitais
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Desenvolvedor/programador (sviluppatore): dados mostram médias salariais em torno de 3.500 € para desenvolvedores, podendo subir bastante com senioridade.
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Gerente de TI (responsabile IT ou IT manager): frequentemente ganha acima de 6.000 € mensais nas médias de mercado.
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Analista de negócios, gestor de projetos (business analyst, project manager): faixas médias em torno de 4.500–5.000 €.
Em TI, o diferencial é que muitas empresas aceitam trabalho quase todo em inglês, especialmente multinacionais e startups, o que permite a imigrantes com inglês forte, mas italiano fraco, já entrarem em faixas próximas da média do setor. Mesmo assim, subir para cargos de gestão na Itália tende a exigir, no médio prazo, pelo menos um B1/B2 de italiano para participar de reuniões internas, lidar com clientes locais e liderar equipes.
Saúde: enfermeiros, médicos e outros profissionais
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Médico especialista: algumas fontes listam salários médios em torno de 10.000–13.000 € mensais para médicos no topo da carreira.
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Enfermeiro(a) (infermiere/infermiera): informações de mercado indicam que a média nacional fica bem acima dos salários de serviços básicos, refletindo a qualificação universitária e a demanda por profissionais.
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Fisioterapeutas, farmacêuticos, outros profissionais de saúde: tendem a ter salários médios mais altos do que funções de comércio e hotelaria, mas variam por região e tipo de contrato.
Para atuar legalmente em saúde, o profissional estrangeiro precisa: reconhecer o diploma junto ao Ministério da Saúde, registrar-se na ordem profissional e comprovar um nível alto de italiano, geralmente B2, além de passar por provas e estágios de adaptação totalmente em italiano. Em algumas vias de recrutamento internacionais, fala-se em A2 para iniciar o processo, mas na prática hospitais e conselhos exigem um domínio bem maior para garantir segurança do paciente.
Profissões jurídicas, acadêmicas e altos executivos
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Juízes, advogados, grandes executivos: aparecem entre os salários mais altos do país, em muitas listas superando 8.000–9.000 € mensais.
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Professores universitários: também figuram em faixas salariais elevadas, na casa dos 6.000 € mensais em média.
Essas carreiras quase sempre exigem italiano em nível muito avançado (C1/C2), além do reconhecimento formal de títulos e, no caso de direito, conhecimento profundo da legislação italiana. Para a maioria dos imigrantes recém-chegados, essas posições são objetivos de muito longo prazo, após anos de estudo de idioma, validação de diploma e adaptação ao sistema jurídico ou acadêmico local.
Progressão típica: do A0 ao B2 e do piso à média
Relatórios europeus mostram que cidadãos de países fora da UE têm maior probabilidade de estarem em contratos de duração limitada, com salários mais baixos e condições mais precárias; à medida que a integração (incluindo o idioma) melhora, a qualidade do emprego aumenta. No caso da Itália, isso se traduz em uma trajetória comum para imigrantes: começou em agricultura, construção ou limpeza com italiano quase zero, passou para hotelaria ou logística com A2/B1, chegou a funções mais qualificadas ou de coordenação quando atingiu B2.
O país tem também um sistema de cotas para entrada de trabalhadores não europeus, com planejamento de dezenas de milhares de novas vagas por ano, focadas em setores com escassez de mão de obra, o que inclui agricultura, construção, logística e alguns serviços. Ficar atento a essas cotas, ao tipo de contrato oferecido e ao idioma exigido em cada via ajuda o imigrante a alinhar seu plano de estudo de italiano com oportunidades reais de melhoria salarial.
Estratégia prática para aumentar salário via idioma
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Meta 1 – sair do “trabalho de sobrevivência”: usar funções que aceitam A0–A1 (limpeza, agricultura, ajudante) apenas como etapa temporária, com plano claro de alcançar A2 em 6–12 meses para mudar de área.
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Meta 2 – consolidar B1: com B1, mirar setores que pagam um pouco melhor e têm mais proteção (hotelaria estruturada, logística em grandes empresas, call centers bilíngues).
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Meta 3 – alcançar B2: B2 abre portas para reconhecimento de diploma estrangeiro, concursos locais, vagas administrativas, atendimento qualificado e TI com mais responsabilidades.
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Meta 4 – especialização + C1: para saúde, direito, ensino e cargos de alta gestão, investir em italiano avançado, cursos técnicos italianos e redes profissionais locais.
Fatores que fazem o salário variar entre imigrantes
Mesmo dentro da mesma profissão e do mesmo nível de idioma, imigrantes ganham valores muito diferentes dependendo de região, setor e tipo de contrato. Regiões do norte e cidades ricas (por exemplo, zonas ao redor de Milão e Bolzano) apresentam rendas médias bem acima do sul e de áreas com economia mais frágil.
Outro fator é a formalidade do contrato: relatórios sobre trabalhadores migrantes mostram que quem está em situação irregular ou sem contrato escrito tende a receber menos, ter mais horas extras não pagas e menos acesso a direitos trabalhistas básicos. Já imigrantes com residência regular, contrato estável e bom italiano se aproximam, com o tempo, da média salarial dos italianos nas mesmas funções e às vezes passam a ocupar posições de chefia em setores com forte presença estrangeira (logística, construção, cuidados).
Salários médios iniciais por profissão para imigrantes na Itália
Imigrantes na Itália costumam começar em faixas entre 1.000 € e 1.500 € brutos por mês nas profissões básicas (limpeza, cuidados, hotelaria, logística), subindo para 2.000€ – 2.500€ ou mais em áreas qualificadas como enfermagem e TI. Na prática, o salário inicial de um imigrante tende a ficar perto do piso do setor, mesmo quando a média da profissão é mais alta.
Como ler os valores
Os números abaixo são estimativas de salários iniciais típicos para quem está começando na Itália com pouca experiência local (0–2 anos) e, muitas vezes, com italiano ainda em desenvolvimento. Em quase todos os casos são valores brutos mensais de tempo integral, sem contar 13º/14º, gorjetas e benefícios, e imigrantes geralmente entram na parte baixa da faixa.
Há grandes diferenças por região (norte paga mais que sul), tipo de contrato (regular ou informal) e carga horária, então os números servem como referência de ordem de grandeza, não como promessa fixa.
Tabela de salários iniciais típicos
Salários em euros brutos por mês, para jornada próxima de tempo integral.
| Profissão (IT) | Faixa inicial típica (bruto/mês) | Observações rápidas |
|---|---|---|
| Limpeza / faxina – addetto alle pulizie, colf | ~1.000–1.300 € | Muitos contratos perto do piso; imigrantes começam quase sempre na base da faixa, às vezes com mais horas do que o contrato indica. |
| Cuidador interno – badante convivente | ~1.100–1.250 € + moradia e alimentação | Tabela nacional 2025 indica cerca de 1.137,86 € brutos para nível comum, além de vitto e alloggio, o que reduz muito o custo de vida do trabalhador. |
| Babá – baby-sitter / tata | ~1.100–1.300 € | Faixa típica para babás em tempo integral; contratos formais ainda são minoria e muitos imigrantes começam com valores próximos ao mínimo. |
| Garçom / garçonete – cammeriere/cammeriera | ~1.000–1.300 € (sem contar gorjetas) | Dados de hora trabalhada (5–8 €/h para iniciantes) levam a cerca de 950–1.300 €/mês em contratos de jornada cheia, com forte peso de gorjetas em áreas turísticas. |
| Atendente de bar – barista | ~1.000–1.300 € | Nível de entrada muito parecido com garçom; paga um pouco mais em bares movimentados ou turnos noturnos. |
| Ajudante de cozinha / lava-pratos – aiuto cuoco, lavapiatti | ~1.000–1.250 € | Costuma alinhar com o piso de hotelaria/restauração; funções pesadas, muitas vezes ocupadas por imigrantes com italiano básico. |
| Funcionário de hotel (recepção) – receptionist, addetto alla reception | ~1.400–1.600 € | Salário médio de recepcionista gira em torno de 1.500 €/mês; iniciais levemente abaixo disso, exigindo ao menos italiano B1 e, muitas vezes, inglês. |
| Operador de armazém / logística – magazziniere | ~1.300–1.500 € | Pesquisas mostram mediana anual em torno de 12.000–20.000 € para armazém, o que leva a algo próximo de 1.300–1.600 €/mês; iniciantes começam perto do piso. |
| Operário de construção – operaio edile, manovale | ~1.300–1.700 € | Paga geralmente um pouco acima de limpeza, mas com forte variação por região, horas extras e especialização (pedreiro, eletricista, etc.). |
| Operador de call center – operatore call center | ~1.300–1.700 € | Fica próximo da faixa média de serviços de atendimento na Itália; contratos bilíngues podem pagar ligeiramente mais, mas exigem italiano B1–B2 e outro idioma (inglês, português). |
| Programador júnior – sviluppatore junior | ~2.300–2.800 € | Com média geral de desenvolvedores perto de 3.500 €/mês, é comum que imigrantes juniores entrem um pouco abaixo disso, especialmente enquanto o italiano ainda é intermediário. |
| Enfermeiro(a) – infermiere/infermiera | ~2.000–2.400 € | Fontes de mercado indicam que enfermeiros ficam bem acima dos serviços básicos; imigrantes entram em faixas iniciais próximas de 2.000 €/mês após reconhecimento do diploma e comprovação de italiano B2. |
Em hotelaria, restauração e turismo (garçom, barista, recepção de hotel), o italiano exigido costuma ser pelo menos B1, mas a progressão salarial pode ser rápida quando a pessoa acumula experiência e passa a funções de chefe de sala, supervisão ou gestão de turnos. Já em logística, construção e fábricas, o idioma pode começar em nível baixo, porém quem chega a A2/B1 e fica alguns anos tende a subir de faixa via especialização em máquinas, segurança ou liderança de equipe.
Nas profissões qualificadas (TI, enfermagem, outras áreas de saúde), o salário de entrada já é mais alto e se aproxima mais dos italianos, mas o grande obstáculo para o imigrante é o reconhecimento de títulos e o nível de italiano exigido (B2 ou mais em saúde). Por isso, para quem chega em funções básicas, a combinação “melhorar italiano + buscar contrato formal em setores com piso mais alto” é, na prática, o caminho principal para sair da faixa de 1.000–1.200 € e se aproximar da média nacional de 2.000 €+ brutos por mês.
Quais profissões pagam mais no primeiro ano na Itália
As carreiras que mais pagam já no primeiro ano de atuação plena na Itália são Medicina (especialmente médicos de família e, depois, especialistas), TI/engenharia de software, engenharias em geral, e áreas de finanças/direito em grandes empresas e escritórios. Mesmo na fase “júnior”, esses profissionais costumam começar em faixas acima de 2.000–2.500 € brutos por mês, bem acima dos serviços de base (1.000–1.300 €).
Como interpretar “primeiro ano”
Os dados públicos normalmente trazem médias de carreira, não o salário exato do 1º ano, então é preciso aproximar: em geral, o primeiro ano fica um pouco abaixo da média da função para quem está começando (0–2 anos de experiência). Além disso, profissões como juiz, CEO ou médico especialista aparecem entre os salários mais altos, mas só são alcançadas depois de muitos anos de estudo e carreira, não são opções “rápidas” para quem acabou de chegar ao mercado.
Outro ponto é que, para imigrantes, profissões regulamentadas (saúde, direito, ensino) exigem reconhecimento de diploma e italiano avançado, o que faz com que o “primeiro ano na Itália” muitas vezes ainda não seja o primeiro ano na profissão em termos formais. Ou seja, as faixas abaixo são realistas para quem já entrou na profissão, não para quem ainda está em empregos de transição (restauração, limpeza, construção etc.).
Profissões que mais pagam no 1º ano (estimativas)
Valores mensais brutos, arredondados, para alguém no primeiro ano de atuação qualificada (ou 0–2 anos de experiência), em tempo integral.
| Profissão (IT) no 1º ano | Setor | Faixa típica no 1º ano (bruto/mês) | Base nos dados |
|---|---|---|---|
| Médico de família / clínico geral – medico di base / medico di medicina generale | Saúde | ~2.000–3.500 € | Fontes sobre GPs italianos indicam salário inicial nessa faixa, subindo depois para 4.000–6.000 € com experiência. |
| Médico especialista júnior – medico specialista (após residência) | Saúde | frequentemente >4.000 € e podendo crescer para médias acima de 10.000 €/mês ao longo da carreira | Médicos estão no topo das tabelas salariais da Itália (média geral em torno de 13.600 €/mês), de modo que o primeiro ano como especialista já parte de vários milhares acima da média nacional. |
| Engenheiro de software / desenvolvedor júnior – software engineer/sviluppatore junior | TI | ~2.000–2.300 € (0–2 anos) | Dados mostram que software engineers com menos de 2 anos recebem cerca de 25.440 €/ano (~2.100 €/mês), enquanto a média da carreira passa de 3.000 €/mês. |
| Engenheiro júnior – ingegnere civile/ingegnere meccanico/ingegnere elettronico | Engenharia | ~2.000–2.500 € | Relatórios colocam engenharia entre os setores melhor pagos, com médias anuais elevadas; no primeiro ano, é comum entrar ligeiramente abaixo dessas médias, mas ainda bem acima de serviços básicos. |
| Analista/gestor financeiro júnior – analista finanziario junior/controller | Finanças | ~2.000–3.000 € | Cargos de gestão financeira têm médias anuais próximas de 88.000 €/ano para níveis sênior; na entrada, em bancos e grandes empresas, os pacotes costumam começar na casa dos 2–3 mil €/mês, podendo crescer rápido. |
| Advogado associado júnior – avvocato junior | Direito | ~2.000–3.000 € (grandes escritórios) | A média de carreira para advogados está em torno de 80.000–90.000 €/ano, mas o primeiro ano em escritórios médios/grandes tende a começar em patamar ainda assim superior a boa parte das profissões. |
| Piloto comercial / copiloto – pilota commerciale | Aviação | ~3.000–4.000 € ou mais em grandes companhias | Pilotos aparecem entre as 10 profissões mais bem pagas, com médias acima de 5.000 €/mês; mesmo níveis iniciais tendem a ser altos devido à qualificação exigida. |
| Gerente de marketing / vendas júnior – marketing manager junior, sales manager junior | Marketing/Vendas | ~2.000–2.800 € | Salários médios de diretores de marketing e vendas passam de 90.000 €/ano; posições de entrada em grandes empresas partem de faixas ainda modestas perto da média da profissão, mas altas em relação ao mercado geral. |
| Professor universitário assistente – ricercatore/assistant professor | Academia | ~2.000–2.500 € | A média para professores universitários chega a cerca de 6.500 €/mês ao longo da carreira; o primeiro contrato como pesquisador/assistente começa bem abaixo disso, mas ainda confortável em comparação ao salário médio nacional. |
O que isso significa para um imigrante
Para quem chega de fora, é importante notar que quase todas as profissões do topo salarial exigem italiano B2/C1 e, muitas vezes, reconhecimento de diploma ou registro em ordens profissionais, como no caso de médicos, engenheiros e advogados. Isso faz com que muitos imigrantes passem alguns anos em empregos de baixa remuneração enquanto estudam italiano e cuidam da parte burocrática, só depois entrando nessas faixas salariais mais altas.
Por outro lado, TI é uma das poucas áreas em que um imigrante com inglês forte e boa formação consegue, às vezes, entrar direto em níveis salariais médios/altos, mesmo com italiano intermediário, principalmente em multinacionais. Assim, ao planejar carreira na Itália, vale olhar não só o “salário topo” da profissão, mas também: barreiras de entrada, tempo para validar títulos, exigências de idioma e disponibilidade de vagas para estrangeiros naquela área.
Com isso, sobre salários de imigrantes na Itália significa encarar um fato simples: a Itália pode ser uma excelente oportunidade de vida, mas não é um “El Dorado” salarial – quem chega costuma começar em faixas modestas, muitas vezes ganhando bem menos que italianos na mesma função, e precisa de planejamento para não se frustrar. Ao mesmo tempo, os dados mostram que imigrantes já respondem por uma fatia importante da riqueza produzida no país, mesmo concentrados em trabalhos pouco valorizados, o que reforça que seu trabalho tem valor – e você pode usar isso a seu favor ao negociar contratos melhores, formalizar sua situação e investir em qualificação.
Se a ideia é viver bem na Itália, o caminho realista passa por três pilares: idioma (mirar B1/B2 o quanto antes), estratégia de carreira (escolher setores que pagam melhor no médio prazo) e informação de qualidade sobre direitos trabalhistas e faixas salariais. Use este conteúdo como ponto de partida para montar seu plano: defina um salário mínimo aceitável para o início, trace quais profissões podem servir de “ponte” e quais exigem validação de diploma, e revise esse plano a cada seis meses conforme seu italiano e sua rede de contatos avançam.






























