RESUMO
Sem tempo? A Lili IA resume para você
O Produto Interno Bruto (PIB) da Itália cresceu 0,3% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com os três meses anteriores, um dado que, embora positivo, ainda está longe de garantir um caminho sólido e sustentável para a recuperação econômica do país. O governo tem razão ao demonstrar otimismo, mas esse sentimento precisa ser ancorado em uma análise realista dos desafios estruturais que permanecem. Em meio a um cenário geopolítico volátil e com impactos globais, até mesmo os Estados Unidos — maior economia do mundo — enfrentam instabilidade.
Na Itália, o crescimento atual tem sido impulsionado, em grande parte, pelo Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (PNRR), que funcionou como um verdadeiro motor desde o período pós-pandemia. No entanto, este motor está com prazo de validade: previsto para encerrar-se em 2026, o plano precisa acelerar agora para garantir que suas metas sejam cumpridas — e que deixem frutos duradouros. O problema é que alguns indicadores mostram que o PNRR ainda não está operando em plena capacidade.
Confiança em baixa trava consumo e investimento
A confiança — peça-chave do crescimento econômico — está em declínio. A confiança das empresas e das famílias atingiu o nível mais baixo desde março de 2021, enquanto o índice de confiança do consumidor caiu para patamares vistos pela última vez em outubro de 2023. Isso significa menos consumo e menos investimento, os verdadeiros motores do crescimento em qualquer economia desenvolvida.
Some-se a isso a produção industrial, que acumula 25 meses consecutivos de retração, e o panorama torna-se mais sombrio. Após um leve respiro em janeiro, as receitas industriais voltaram a cair em fevereiro, indicando fragilidade persistente no setor produtivo.
Emprego em alta, mas com ressalvas
O dado mais animador vem do mercado de trabalho: o número de pessoas empregadas atingiu um recorde histórico de 24 milhões. No entanto, quando se analisa a taxa de emprego — proporção da população em idade ativa que está de fato empregada — o país ainda está consideravelmente atrás de parceiros europeus: mais de 15% abaixo da Alemanha e quase 7% abaixo da França. Em outras palavras, há mais gente trabalhando, mas ainda poderíamos ter muitos mais.
Além disso, a Itália convive com um problema estrutural que compromete o futuro de sua força de trabalho: 1,34 milhão de jovens entre 15 e 29 anos não estudam, não trabalham e não fazem nenhum tipo de formação. Mesmo que parte desse número esteja ligada à economia informal, é um sinal claro de desalento e desperdício de potencial produtivo — com pouca perspectiva de qualidade.
Oportunidade para definir rumos
Diante desse panorama, a leve aceleração do PIB não pode ser vista como um sinal verde para complacência. A estabilidade política, que é mérito do atual governo, deveria ser usada como alicerce para um projeto estratégico de longo prazo. O país precisa definir com clareza quais serão seus motores de desenvolvimento: turismo, indústria, tecnologia, energia?
A estabilidade das contas públicas, outro ponto positivo alcançado pela maioria parlamentar, deveria servir de base para orientar investimentos e políticas públicas voltadas à produtividade e ao fortalecimento dos salários. A Itália precisa recuperar produção, estimular o consumo interno e se proteger de uma possível desaceleração nas exportações, que foram o principal amortecedor da economia nos últimos anos.