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A recente aprovação pela Comissão Orçamentária do Parlamento Italiano da emenda que aumenta e individualiza a taxa de cidadania tem gerado preocupação entre brasileiros descendentes de italianos que buscam o reconhecimento de sua cidadania “jus sanguinis” (direito de sangue). A medida, que agora segue para o plenário e tem grandes chances de ser aprovada antes de 31 de dezembro, está prevista para entrar em vigor no próximo ano, e pode alterar drasticamente o cenário para aqueles que desejam obter a cidadania italiana. Saiba quem será impactado pelas mudanças na Lei Orçamentária 2025 nos processos de reconhecimento de cidadania italiana.
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Atualmente, a taxa para o processo judicial de cidadania é de 545 euros (cerca de R$ 3.500), valor que, até dia 31 de dezembro de 2024, será alterado para 600 euros (aproximadamente R$ 3.800) por requerente a partir do dia 01 de janeiro de 2025. Já na via administrativa, onde os brasileiros fazem o pagamento no consulado no momento da entrega da documentação, a taxa passará de 300 para 600 euros, com o mesmo valor sendo cobrado para os processos realizados diretamente na Itália, ou seja, “in loco”. Essa mudança significa que, além de aumentar o custo por requerente, o novo sistema coloca um ônus financeiro ainda maior sobre aqueles que buscam o direito à cidadania italiana.
O governo italiano justifica o aumento das taxas como uma forma de cobrir os custos administrativos e consulares. Parte dos recursos arrecadados seria destinada à contratação de novas equipes nos consulados e à melhoria da infraestrutura necessária para atender a demanda crescente. Contudo, a medida gerou críticas por seu impacto econômico, especialmente em um contexto onde muitos brasileiros que buscam o reconhecimento da cidadania italiana o fazem por meio de um direito que remonta a gerações passadas.
A emenda tem gerado debates acalorados sobre o impacto social e cultural dessa decisão. Para muitos brasileiros, a cidadania italiana representa não apenas uma conexão com suas origens, mas também uma oportunidade de acesso a melhores condições de vida e de inserção no mercado de trabalho europeu. O custo adicional pode dificultar o acesso a esse direito, criando barreiras financeiras significativas, especialmente para aqueles com menos recursos.
Há também um forte sentimento de que a medida pode aprofundar as desigualdades, ao tornar o processo de reconhecimento da cidadania mais exclusivo. A cobrança de taxas mais altas pode acabar excluindo descendentes de italianos em condições econômicas mais vulneráveis, que poderiam ser impactados pela necessidade de arcar com custos elevados. A mudança vai de encontro à ideia de que o reconhecimento da cidadania é um direito fundamental para todos os descendentes, independentemente de seu poder aquisitivo.
A aprovação da emenda no plenário parece certa, considerando a maioria conservadora favorável à medida, o que indica que o aumento das taxas será, de fato, implementado. A expectativa é de que, com isso, o custo de reconhecimento da cidadania italiana se torne um fardo mais pesado para muitas famílias, afetando diretamente as gerações mais jovens e aquelas que possuem um grau de parentesco mais distante, mas que ainda assim têm direito a pleitear a cidadania.
Essa mudança não apenas reflete um ajuste econômico por parte do governo italiano, mas também traz à tona questões mais profundas sobre a acessibilidade e equidade no acesso a direitos fundamentais. O desafio agora será equilibrar a necessidade de financiar a administração pública com a preservação da acessibilidade a um direito que, para muitos, representa uma conexão vital com suas raízes e uma oportunidade de recomeço em um novo país. O impacto desta medida só poderá ser totalmente compreendido quando ela começar a ser efetivamente aplicada, e sua influência no processo de cidadania será sentida ao longo dos próximos anos.