RESUMO
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A Itália enfrenta um desafio demográfico que se agrava a cada ano: uma população em envelhecimento constante, uma taxa de natalidade em níveis historicamente baixos e um mercado de trabalho dependente da contribuição dos trabalhadores estrangeiros. A imigração tem se mostrado um fator crucial para a economia, especialmente na sustentação do sistema de segurança social e no enfrentamento do declínio populacional.
Contexto Demográfico
De acordo com o relatório demográfico do Istat (Instituto Nacional de Estatística), em 2023, o saldo migratório internacional foi capaz de compensar quase integralmente o saldo natural negativo, contribuindo também para mitigar o processo de envelhecimento da população. A 1º de janeiro de 2024, o país contabilizava 5,3 milhões de residentes estrangeiros, representando 9% da população total. Contudo, o governo italiano mantém uma postura controversa sobre o papel da imigração, afirmando que não se deve “substituir a natalidade pela imigração”, como declarou Eugenia Roccella, Ministra da Família e Igualdade de Oportunidades.
Impactos no Orçamento de 2025
O projeto de lei orçamentária para 2025 inclui medidas que podem alterar profundamente o cenário para os trabalhadores estrangeiros na Itália. Entre as mudanças estão:
1. Abolição de Deduções Fiscais para Dependentes no Exterior
A partir de 1º de janeiro de 2025, trabalhadores estrangeiros não pertencentes à União Europeia perderão o direito às deduções fiscais para familiares dependentes que residam fora da Itália. Atualmente, essas deduções chegam a até 950 euros por filho ou cônjuge dependente. A medida, que afeta diretamente categorias como cuidadores e trabalhadores domésticos, poderá levar muitos migrantes a reconsiderarem sua permanência no país.
2. Imposto sobre Procedimentos de Cidadania
Outro ponto polêmico é a introdução de uma contribuição unificada de 600 euros para cada requerente em processos de cidadania italiana. Esse valor, que se soma às taxas já existentes de 250 euros e 16 euros de selo fiscal, pode dificultar ainda mais o acesso à cidadania para imigrantes, especialmente para famílias numerosas que apresentam pedidos conjuntos.
Desafios e Contradições
Embora as migrações internacionais tenham compensado o declínio populacional, o número de novos imigrantes diminuiu drasticamente em 2024. Até 23 de outubro, apenas 55 mil entradas foram registradas, em comparação com mais de 141 mil em 2023. Essa queda reflete políticas mais rígidas e um debate político-cultural acirrado sobre o papel da imigração no futuro do país.
Além disso, a Itália enfrenta uma distribuição desigual dos imigrantes pelo território. Enquanto o Norte abriga mais de 58% dos residentes estrangeiros, o Sul, já afetado pela emigração de jovens italianos, atrai apenas 16,9%.
Fuga de Jovens e Perda de Talentos
Outro problema demográfico significativo é a contínua saída de jovens italianos para outros países. A Itália tem a menor taxa de atratividade juvenil da Europa, com oito jovens italianos deixando o país para cada um que chega. Entre os emigrantes, 50% possuem diploma universitário, e muitos têm alta qualificação profissional, agravando o impacto no mercado de trabalho e na inovação.
Conclusão
O papel da imigração na Itália vai muito além de compensar o declínio populacional: é essencial para manter o equilíbrio econômico e social do país. Contudo, as políticas restritivas propostas no orçamento de 2025 podem minar essa contribuição, ao mesmo tempo em que a Itália luta contra o envelhecimento da população e a perda de seus jovens talentos. Resta saber se essas medidas, embora fiscalmente justificáveis, serão sustentáveis em um cenário demográfico já tão desafiador.